segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Copacabana

Eramos alguns tantos. Tantos que não lembro direito se eramos muitos ou poucos. Sei que fazíamos o que muitas vezes se sabe que tem que fazer. Falta coragem pra maioria. Subíamos no banco e gritávamos até que nossas gargantas gritassem mais do que nós mesmos pedindo pra pararmos de gritar. Gritávamos enquanto o país inteiro se preparava pra resolver problemas democráticos internos. Fizemos o que pudíamos. Na verdade, ainda estávamos fazendo, e fazendo realmente o que podíamos, não aquela potência obrigatória de se fazer poder. Um de cada vez, nós subíamos no banco e gritávamos. Era um grito contido, mas potente. Àquela altura só nos restava nos voltar para o que acreditávamos ser a redenção, nosso papel, nossa força, o que nos move como um bando. Esquecemos os números e mergulhávamos nas palavras. Afogávamos os que estavam em volta em palavras também. Esse era o nosso papel. E provamos para nós mesmos que agora acreditamos que acreditamos nele mais do que nunca.


PRÓXIMO TEMA: Anarquia disciplinada.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Partida Derrotada

O jogo começa. Que engraçado, estou de verde e amarelo. Todos estão.
É 2010, ano de Copa do Mundo, é claro que estão de verde e amarelo.
É jogo do Brasil, todos estamos de verde e amarelo.
Todos no mundo vestem as cores de suas bandeiras.
Todos representam as cores de sua bandeiras.
Mas só em dia de jogo,
só em tempos de futebol.
E ontem? E naquele dia que você viu o mundo de cabeça pra baixo?
Todos os dias que as pessoas tem o que você não tem...
Todas as lágrimas dos desprivilegiados...
Todo o abraço inexistente pros desprovidos de carinho.
Tudo as derrotas em campo que não precisam de 11 jogadores:
precisam de todo mundo,
inclusive você.


Que triste.


PRÓXIMO TEMA: VITÓRIA

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Às reais possibilidades

Andava tanto tempo sumido sem dar notícias...
Um vulto rápido na imensidão da parede branca.
Agarrei-te como uma criança agarra a sombra de Petter Pan.
Seu opostos apostaram na minha disponibilidade
E eu inocente
Me vi detido nas grades do seu seu nome
Que vaga ecoando na minha cabeça.
O prazer que sinto de novo
Não é nada menos que a felicidade de achar compatibilidade.
Ja era tarde para o acaso. Enfim, chegou.
Amar é surpresa!

TEMA: Pátria

domingo, 27 de junho de 2010

you are the winner

Como em réquem para um sonho sinto meus dentes trincando frente à tv. Sinto meus vícios: olhar, apreciar, comer, degustar, e nada além do que deitar na cama e entrar na onda das minhas ilusões... mas as cores infinitas em minha frente não compensam o barulho do trincar... Resolvo passar uma borracha pra apagar a minha dor, mas estava tudo escrito a caneta: eu não podia mudar o que já estava escrito... tento então virar o rosto, mas uma força muito estranha e proveniente de lugar nenhum puxa meu pescoço para o lado contrário, e ele fica rígido, e simplesmete imóvel - não consigo mexer, não consigo controlar meus impulsos, meu corpo não é mais meu. Pra substituir a sensação insana da minha mente, começo a esticar minhas pernas, pra fazer desapaecer a câimbra inexistente nelas, mas persistentes em meus neurônios... estranho. Meus pensamentos se confudem. Vou intercalando com o consumo das ilícitas, agora correndo em meu sangue e criando um tesão pelas imagens criadas pela minha propria criatividades. A parede se comprime num tamanho que caberia na palma da minha mão, e eu virei alice num mundo não tão maravilhoso. Fiquei com um vestido azul num campo verde com flores roxas, sem cogumelos e anões, mas gigantes olhando lá de cima pra mim, como se eu fosse insignificante nessa vida, mas devo ser. Meus dentes continuaram trincando e eu tinha esquecido do meu vício - havia o substituido pela dor incessante da minha câimbra mental. As paredes alargaram, mas escureceram, de brancas passaram a ser cinzentas, grafites, o grafite que não havia na minha caneta.... eu não conseguia apagar as paredes, nem trocar de vestido, nem pular na grama. Então a câimbra possuia minhas pernas imóveis, meus pescoço rígido e minha mente perturbada... eu estava câimbreada... voltei a escutar o som estridente da televisão, consumindo meus ouvidos, rasgando meus tímpanos, até arranhar minha garganta... de repente eu só escutava um fino e infinito barulho, irritante como uma criança puxando sua blusa e pedindo por um brinquedo. Irritante, o som era contínuo... puxei meus cabelos, meu vestido azul, peguei uma flor roxa e botei nos meus cabelos puxados... eles saíram da minha cabeça e foram andando até a televisão - representação tecnologica em meio a disputas florais. A tv desligou sozinha, meu cabelo voltou a minha cabeça, mas o som continuou estridente, fazendo minha mente cãimbreada se apagar e entrar em um sono profundo, procurando por um sonho que nunca existiu... tudo por culpa das ilícitas.

Eu acordei, e de repente me vi sentada, na minha cama, em frente a tv, em casa, sã. Sem saber se tudo aquilo tinha realmente acontecido ou foi tudo fruto da minha imaginação... eu me perdi, e começou tudo de novo.


PRÓXIMO TEMA: O TEMPO.

sábado, 26 de junho de 2010

Do Re Mi Fa Sol, muito sol

Eu arrebentava elásticos quando mais novo e prendia uma extremidade e deixava outra presa à minha mão para que eu pudesse esticar mais ou menos para dar petelecadas de sons agudos e graves sem muito compromisso. Nesta mesma época, panelas e colheres de pau eram a bateria dos meus sonhos momentâneos. Eu era a bateria da Viradouro, era o baterista do George Michael e dos Guns N Roses. A rádio que eu ouvia ainda na vitrola do meu antigo apartamento estava riscada com grafite as melhores estações, quando já vi, estava ouvindo programas de música dance/eletrônica com 6 anos, sabendo o nome dos melhores Djs do Rio e do mundo.

Quando tinha 5 anos, imitava Michael Jackson de costas para minha família. Uma forma de fazer a vergonha ir embora e me fazer sentir o rei do pop por 4 gloriosos minutos. Me destacava desde novinho nas festinhas por me deixar levar pela vibração da música. Nas festas matinês que frequentava perguntavam constantemente se eu fazia parte de alguma aula de dança, como hip-hop ou dança de rua. Enquanto as pessoas revelavam suas vergonhas eu quebrava este mito ressonando a música com meu corpo.

Virei Dj aos 14 anos com ajuda de um amigo, tudo era tão novo e aprendi que não tocava pra mim. Eu tocava para as mulheres. Tocando para o coração e corpo das mulheres, elas apareciam e como consequência, eles iam atrás. Resultado? Festa completa! E até parece que muita gente não sabe que a música foi feita para 'elas'. Por causa delas que incontáveis músicas se tornaram verdadeiros mitos, clássicos e hits dos hits. Falo de música clássica até o funk do 'só love'.

No momento ouço um baita musicão, 'Jamiroquai - Cosmic Girl' do DVD Live at Montreux 2003. 'She's a cosmic girl', diz o refrão. Pelo groove e a forma que a letra é levada dá pra sentir o sex appeal intenso que é essa garota cósmica... Sem falar no groove que o jamiroquai se inspira: James Brown, o Rei do Groove e Michael Jackson (ontem, fez 1 ano de sua morte), o Rei do Pop.

Se for falar da world music, passando pela brasileira, pela argentina, pela francesa, cubana, jamaicana, africana e sobretudo todas as regionais, a música se realoca como sinônimo de atmosfera artificial. Não menos gostosa que a original, mas como um tempero pra lá de gostoso ou não. Dependendo do acompanhamento, o prato principal pode perder pra sobremesa, ou dependendo de que qualidade for feita, o restaurante é fechado.

Como tenho o monopólio deste post que escrevo, tomei a liberdade de citar minhas maiores influências musicais. Algumas. Algumas de inúmeras. Então, lá vai:

- Guns n Roses
- Michael Jackson
- George Michael
- Jamiroquai
- Madonna
- Metallica
- Chemical Brothers
- Beatles
- Fatboy Slim
- Prodigy
- Green Day
- Oasis
- Nirvana
- Foo Fighters
- Dee-Lite
- Cássia Eller
- Jota Quest
- Gotan Project
- REM
-Silverchair
- Rage Against The Machine
- Audioslave
- Cidade Negra
- Carlos Santana
- Djavan
- Moby
- Dead Fish
- Queens of The Stone Age
- Beastie Boys
- Nação Zumbi
- Mombojó
- Los Hermanos
- New Kids On The Block
- Coldplay
- The Strokes
- Planet Hemp
- Raimundos
- Paralamas do Sucesso

E por falar em Jamiroquai...



Próximo tema: Bad Trip

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Vela da madrugada

Eu vou direto ao ponto porque o prazer é uma fruta que se come madura; é a adrenalina que se converte em combustível; é a vontade de não parar. Já lhe perguntaram se existe algo que poderia nunca acabar? O prazer é findável, todos sabemos. Mas pode se tornar infinito em sua breve finitude.

Todos almejam. Poucos conseguem. Ah! Imaginem só o prazer em cápsulas. Para mim mera banalização de algo tão rico. Ou então, prazer injetável. Compraríamos ali no buteco do seu Manoel, esconderíamos em buestras calcinhas e calções e partiríamos rumo à felicidade. Vivenciaríamos um apocalipse, ao menos, prazeroso.

E a sensação? Aquela pontinha de arrepio inicial. Uma onda crescente de estímulos involuntários e paralíticos. Um não pensar consciente. Um vulcão em erupção.... Eureka!!!!

O prazer é a mulher capaz de fazer desperta-se em chamas. É o homem sendo um verdadeiro homem. São as coisas prosaicas que se tornam vida. É a vida em seus mais que cinco sentidos.

Simples.
Assim.


Next topic: A música

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Maciez surda e muda

Tuas bordas engalfinhadas, formatos múltiplos, maciez de uma noite úmida sem pecados, tesão mal tratado e teu símbolo de cápsula protetora. Tantas qualidades para quem sonha em te tacar de um lado para outro. Sonha em te rasgar em trapos penosos, em sonhos afáveis e infantis. Enfeita meus aconchegos, vira bebê recém nascido nas mãos suaves, nas calejantes.

Traga as memórias de corpos amassados contra o teu, novos perfumes dos quais não foram meus. Os fios de cabelos esquecidos em teu colo. Loiros, ruivos, morenos ou grisalhos. Íntimos pelos meus, ou de outrém. Não esqueças do charme que me ajudara em outrora. Com amigos, amores e status quo. És, no fundo, uma parte de tudo isso. O fundo em que me repouso, em que posso enfiar a cara de frio e retornar com bafo de calor. O fundo em que já enxugou lágrimas de amores perdidos, de amores sofridos. Tudo sem tua culpa.

Já viraste presente de aniversário, de dia dos namorados, de dia dos carentes desaconchegados. Tornaste simbolo de noites bem dormidas. Não és substituto de colos amorosos. És meu colo amoroso particular, desde sempre. És minha parede muda, meu chão macio. Meu sexo confortável, minha coluna bem colocada, minha perna entrelaçada. Meu conforto de pensar no desconfortável.

Sinto não poder ouvir tudo o que tens pra me dizer. Não tenho noção nem se isso é possível. Já vi tanta coisa neste mundo que até duvido das dúvidas usuais. Só me resta aliviar minha mente, aquela que massageia toda as pernoites, e lhe agradecer pelos 22 anos de histórias que já presenciou, que já testemunhou junto à mim e ao nosso eterno ménage à trois.

Almofada, travesseiro e colo, meu eterno muitíssimo obrigado.

PRÓXIMO TEMA: Prazer

terça-feira, 1 de junho de 2010

Lente de AUMENTO



Posso correr até no asfalto
que escorrego
Passo a mão sob meus olhos
eu esfrego
A um palmo do meu rosto
não enxergo
Tudo isso quando o caminho
está deserto

Mas você chega e me oferece a mão
"Oi, faminta. Você quer um pão?"
O que era pequeno ganha TAMANHO
O que era perda vira GANHO

O turvo ficou CLARO para mim
Quem diria que o MUNDO era BELO assim
Finalmente ENXERGO as FLORES!
E sou capaz de DINSTINGUI-LAS pelas CORES!

Vejo PÁSSAROS, ÁRVORES E GENTE
Vejo FRIO, MORNO E ATÉ QUENTE
Vejo SAL, DOCE E SEDENTO
Vejo ÁSPERO, LISO E GRUDENTO

ARREPIOS, SONHOS E FANTASIA
SONS, HARMONIA E MELODIA
SENSAÇÕES, BRILHO E SINESTESIA
Vejo TUDO aquilo que eu antes não podia

A vida deixou de ser tormento
Você me trouxe uma LENTE DE AUMENTO
Deixei para trás minha visão
E passei a ENXERGAR com SENTIMENTO


PASSEI A ENXERGAR COM SENTIMENTO!


Deixei pra trás minha visão
Você me trouxe uma lente de aumento
A vida deixou de ser tormento

Vejo tudo aquilo que eu antes não podia
Sensações, brilho e sinestesia
Sons, melodia e harmonia
Arrepios, sonhos e fantasia

Vejo áspero, liso e grudento
Vejo sal, doce e sedento
Vejo frio, morno e até quente
Vejo pássaros, árvores e gente

E sou capaz de distingui-las pelas cores!
Finalmente enxergo as flores!
Quem diria que o mundo era belo assim
O turvo ficou claro para mim

O que era perda virou ganho
O que era pequeno ganhou tamanho
"Oi, faminta. Você quer um pão?"
Mas você chega e me oferece a mão

Está deserto
Tudo isso quando o caminho
Não enxergo
A um palmo do meu rosto
Eu esfrego
Passo a mão sob meus olhos
E escorrego


POSSO CORRER ATÉ NO ASFALTO!


Próximo tema:
Almofadas

O tudo virou nada

Você não precisa de muito para tropeçar. Nenhum grande abismo, nehuma pedra no caminho, nada, absolutamente nada.
Basta uma palavra ou uma ação que você julga ser a mais apropriada para o momento. Mas ela desvenda-se ser um verdadeiro abismo.
Desmoronamento interno. Conhece?
Puta merda.
Sabe quando você grita por dentro... doi de ver. Ninguém te ouve. Ninguém entende. Ninguém é você naquele momento. Só você.
Ou como muitos dizem: só Jesus. Mas nem Jesus está com você naquele momento: ele está ocupado demais chorando...
Depressão.
Conhece?
Eu queria ter tempo de ver meus amigos. Eles são, na maioria das vezes, o fio ao qual me agarro na esperança de não cair no caos. Mas... eles não estão aqui.
Estou nua, tremendo de frio, com a cabeça latejando de dor e eu não consigo parar de chorar. Estou aqui há tanto tempo, presa nesta queda, que a única coisa que ouço é o som do meu eco. Mas faz tanto tempo, que nem força mais eu tenho pra nada. Sequei, inclusive.
Sabe o que eu mais quero?
Que você enxergue que tem alguem que precisa de ajuda. Eu preciso.
Declaro publicamente.
próximo tema: Lente de aumento

domingo, 30 de maio de 2010

Não sou hipócrita, sou cristã!

Eu não dou o cu. Não faço sexo com estranhos. Alias, eu só faço sexo com meu marido e só fiz depois que casei. Eu não falo mal dos outros. Não bebo cachaça. Não falo palavrão. Não escuto funk. Eu sou uma pessoa muito boa. Eu amo todo mundo. Acho todas as pessoas legais. Eu acho muito feio quem é falso. Até porque eu sou muito verdadeira. As vezes eu erro. Mas me confesso.
O Padre Pedro é meu confessor. Ele malha lá na academia. Ele tem um físico bom. Mas fico indignada com as mulheres que o chamam de gostoso. Isso é absurdo. Eu estou sempre com o Padre Pedro. Já o vi até de cueca. Mas nunca fantasiei nada com ele. O único homem que me deixa excitada é meu marido. Eu nem olho pro lado. Acho um absurdo essas mulheres de hoje que ficam cheia de fogo falando de homem.
Outra coisa que me assusta. Maconha. As pessoas acham que fumar maconha é natural. Eu não fumo. Nem sou amiga de quem fuma. Não preciso disso pra ser feliz. Nenhuma dessas drogas. Eu só bebo vinho em momentos especiais com meu marido. E champanhe em casamentos.
Eu nunca desobedeci meus pais. Nunca menti pra eles, nem pro meu marido. Nunca matei aula. E nunca colei. Tenho orgulho disso. Eu ando certa. E fico entristecida com as coisas erradas desse mundo. Essa necessidade voraz de ser feliz. Essa falta de moralismo de hoje em dia. Eu sou assim. Não sou hipócrita, não mesmo. Acho que é bom viver assim. Fazer o que Deus manda. E ir pro céu quando eu morrer. Amar meus irmãos aqui na terra e fazer só o bem. Até mesmo pra quem quer meu mal.
Que o Senhor os abençõe!

Próximo Tema: Queda.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O trem do tempo apitou

Seus ossos vão doer. Sua vista vai falhar. Seus filhos vão crescer. E seus amigos de longa data, provavelmente, não estarão mais aqui. Você vai se perguntar por que viveu tanto?
Mas tem dias que eu me sinto como me sentia há 50 anos. Jovem. Forte. Vivo.
É, eu não tenho o mesmo pulmão. E minha cabeça já mudou tanto que nem me lembro como ela era. Eu até poderia pensar - ah! se eu tivesse essa cabeça há 50 anos - mas prefiro pensar no desafio de lembrar como minha mente funcionava. O que eu era, já não sou. Ah! mas que saudade de ser. Eu achava que podia conquistar o mundo. Fazia um plano novo a cada dia. Me lembro bem de sonhar em conhecer o Egito ou até mesmo de passar aquele final de semana em Petrópolis com a velha. Não aconteceu. Não posso dizer mais sobre, pois minha memória fraca me impede.
Recordo-me quando meu primeiro filho nasceu. Mas já não pensava mais como gostaria. A preocupação era maior. Não era apenas a minha vida. Lembro de quando minha filha mais nova se formou e aquele imenso vazio que ficou. Eu já não me reconhecia. Meu rosto estava tão diferente. Não notei todas aquelas marcas aparecendo. Obviamente, um homem da minha época não deveria se importar com sua aparência. Confesso, me assustei. Não era vaidade. Era só o tempo me pressionando contra o espaço. Fiquei com medo. Medo de morrer, de esquecer. Passei a pensar na minha inexistência. Como seria o mundo sem mim? O que eu faria quando acabasse. Meus ossos, minha vista cansada pouco me importava. Não eram as dificuldades de ser velho que me afligiam. Era o pouco tempo que hoje ainda menor me resta. Passaram-se 10 anos que minha caçula se formou. E hoje é meu aniversário. Faço 70 anos. Meus filhos e netos estão me esperando descer para a festa. E aqui estou eu... pensando como pensava há 5o anos.
Quando você fizer 70 anos vai sentir saudade de tudo o que lembra e até do que não lembra. E nesse dia vai sentir vontade de não carregar o peso de uma cabeça velha sobre o pescoço fraco.
Vai chorar, como eu choro agora... de saudade. de tristeza. de alegria. Por ter vivido muito em tão pouco tempo. E sentir o vazio de ter pensado pouco sobre o como pensava.

Próximo tema: Monofobia.

Chico

Você, um vermelho que não é bem vermelho
É um quase marrom
Me faz um favor?
Sai de mim, sai completamente.
Não te quero aqui.
Você é insistente e persistente.
Nunca vou compreender sua razão de ser.
Vai, escorra pelo ralo.
Nenhuma mulher te quer.


Próximo tema: idade

terça-feira, 18 de maio de 2010

Costura

No homem cordial
Pego as tormentas
Sigo as rodovias sem novas rotas
Toco a sua vida sem novas notas

Esqueço-me do mal
Sopro pelas ventas
Do dia em que rodeava pernas bambas
Ardia mais que nos outros sambas

Olá você, que tal
Costuro as ementas
Do nosso passado pergunto porquê
Rodeei pela sua saia godê

Me pergunto qual o certo mal
A diferença do pirê do purê
Prefiro teu pão com patê
Meu suco de orgulho..

Próximo tema: Vermelho

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Milkshake traumatizante

Foi na onda de ‘Vóvó rica pega pirralho sarado’ que Eduardo conheceu Helena em um bar. Eduardo é um engenheiro bem sucedido de 28 anos que saiu da casa dos pais tem não mais que três anos. O que Eduardo não sabe até hoje é que ele foi adotado. Claro, ele percebeu que fisicamente não há muitas semelhanças com seus pais, mas parou por aí. Helena é uma advogada e psicanalista de 45 anos que se arrepende de erros passados e por isso tenta quitá-los trabalhando com clientes que ela crê inocentes. Além disso ela ajuda uma empresa de adoção atendendo a futuros pais que não ficarão com seus filhos para dar-lhes a chance de uma vida melhor. Ao final do terceiro encontro eles foram para a casa de Helena, onde aconteceu pela primeira vez. A pegação vai e vem, e conforme a intimidade dos dois cresce, ela fica com mais vontade de conhecer a família de Eduardo. No aniversário dele os três se conhecem e assim que apresentados Helena percebe que os conhecia de algum lugar. Na próxima vez que os dois se encontram no apartamento dele, enquanto Eduardo imita o milkshake de ovomaltine do Bob’s ela repara numas fotos penduradas na parede da sala. Deliciando-se com o milkshake de Eduardo ainda olhando as fotos, ela vê uma foto dela aos 17 anos dando Eduardo ao seus ‘pais’.

- Eduardo, quem são as pessoas dessa foto?

- Ah, sou eu, meus pais e uma amiga da família que eu nunca cheguei a conhecer.

Botando seu milkshake de lado, Helena senta e diz:

- Meu bem, me escuta, não me odeie e não me procure de hoje em diante. Mas eu não posso mais te ver.

- Por que? Qual o problema? O que houve? – pergunta Eduardo, não entendendo o surto de Helena.

- Pergunta aos seus pais a verdade sobre aquela foto que você vai entender. Agora, eu preciso ir.

Ela dá um abraço apertado nele e sai do apartamento dele correndo antes que ele a veja chorando. Eduardo pega a foto e vai correndo aos seus pais pra entender alguma coisa melhor. Depois de tudo revelado ele não acredita na situação e ligando os pontos ele tenta seguir em frente um dia por vez e vira o Charlie Harper da vida real.



Por Carol Lucchetti

Próximo tema: saia godê e bad memories

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Danço sobre Rodas...



Tardes de sábado

Manhãs de domingo

Patins

Quatro rodas um freio

Laranja

Tardes de sábado

Noites de sexta

Bate- Bate

Campo Seu Bento

Patins

Piruetas

Sorrisos

Competição

Lágrimas decorrem de um sonho

Vergonha

Patins

Rosa Branco

Danço sobre rodas

Agora são 5, sem freios

Infinita alegria

Danço de costas pro mundo

Olhar que me cerca

Livre como voar

A tarde inteira pra me jogar

Patins.



Muriel M. Machado


Próximo tema : O Complexo de édipo e o Milk Shake

Fim de t(arde)

Agora tudo quase volta ao normal. Não têm mais telegramas (nunca existiram). As gotas da chuva caem com uma dúvida, mais do que a certeza de antes. O mate virou suco de maracujá. Com pouco açúcar (porque açúcar - vc sabe, meu bem - faz mal) e muito glútem, não sou alérgico a coisas inventadas como vacinas anti-perfeição.
No meu sal coloquei água. Me recupero da desidratação. Da paixão das rosas e urtigas. Gosto deste chá. Deste veneno tenho sede. Mas agora li o 'modo de usar'. A propaganda que estava na prateleira tinha aste(risco). Não li. A engoli com sede. Nas minhas veias já corriam o outro vermelho. E como correm. Na ponta dos meus pés, impulsionou. Na ponta das minhas mãos, cortejou. Na ponta do meu coração, eletrificou.
Veneno doido, risonho e afastado. Te faz calado e te deixa desnorteado. Liguei para a ambulância e do outro lado da linha estava: eu próprio. Efeitos colaterais a parte, ria e não olhava para o chão. Meus atos se vingaram de forma abrúpta, caí no bueiro da rua. Vi ratos e baratas impactantes. Conheci o sub-mundo do qual fazemos parte de vez em quando.
No escuro e só. Metabolismo inconsciente e uma sinestesia de obnubilação. Começo a esfregar os olhos do tombo, ser puxado de volta ao âmago da rua. Não era dia, nem era noite. Era um fim de tarde.
A combinação do fim e da tarde, antes ensolarada. Agora o sol não brilhava mais, mas iluminava. A lua não iluminava ainda, mas brilhava. Tem vezes que só ao tomar o próprio veneno, te faz reparar a bula do doce veneno que estava na prateleira.
Beba com moderação, mas beba. Nunca se sabe quando poderá beber novamente o veneno em que um dia fez do bueiro da rua virar uma aprendizagem sua.

Tim Tim! (agora siga a bula, mané!)

Próximo tema: Patins

quarta-feira, 12 de maio de 2010

A parte funda



Alguns tem um sério problema: não se contentam.

Vivem me chamando atenção pelo meu all star rasgado, minha meia furada, minhas unhas roídas. Meu cabelo bagunçado, minha cara amassada e minhas roupas aleatórias.

Eu tenho um sério problema: não me contento.

Está longe de me chamar a atenção um vestidinho florido, um cabelinho arrumado e uma maquiagem bem feita. Não estou nem aí pro teu sapato lustrado, tuas calças de marca e teus óculos importados.

Tudo isso pra mim é superfície.
Mas eu sempre gostei da parte funda.

Por debaixo destes trapos existe um corpo quente. Que incendeia. Perfeitamente capaz de causar queimaduras de terceiro grau: daquelas que penetram a carne.
Por trás dos meus óculos baratos se esconde um par de olhos que almoça, janta e faz questão de sobremesa: olhos castanhos que devoram. Engolem. Sugam. Absorvem.
Por dentro de meus tênis, debaixo dos furos de minhas meias, existem os meus passos. Passos. É dali que vem o meu movimento. São com eles que eu sigo em frente.

Nunca fui aparência, máscaras não cabem em meu rosto, minha alma é profunda demais para camuflagens. Gosto de brincar com o superficial, distraindo os alheios para que evitem se aproximar da minha complexidade. Sou um buraco no fundo do mar, são poucos que suportam a pressão ao tentar mergulhar dentro de mim.

Perguntaram-me um dia por que eu não experimento ser gente de verdade, ao menos uma vez.

"Mas eu sou de verdade. Só não sou gente."





Próximo post: Veneno

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Foda-se

Você é uma piranha. Uma piranha, sim. Uma suja, uma podre.

Eu queria estar bêbada o suficiente pra te puxar pelo braço pra falar tudo que você precisa ouvir, sua vaca. Você precisa aprender a respeitar as pessoas, porra. Não é assim. Você não pode sair por aí achando o que quer, e falando o que quer, e se fazendo de gostosa como se tudo girasse em torno de você. Não é assim, nunca vai ser - pelo menos enquanto eu puder impedir.

E, olha, se as coisas corresem bem como eu planejo, você ia tentar fugir, se devencilhar das minhas palavras, dos meus berros, dos meus palavrões. E, se eu bem te conheço, é exatamente isso que acontece. Do jeito que você é fraca, é bem capaz mesmo. Sua escrota. Tenta correr de tudo, tenta fugir que tudo que não sai exatamente como você planejou no seu mundinho de merda. Mas é aí que você se fode. Vaca.

No segundo em que você tentasse fugir de mim e das minhas palavras ríspidas, rancorosas e cuspidas, eu te puxava pelo cabelo. Ninguém foge de mim assim. Ainda mais você, que acha que pode foder todo mundo.

Você foi uma escrota. Porra. Sabe, eu ainda entendia quando você me atingia. Eu sabia que você não tava ali pra me atingir, se eu me sentia sacaneada era problema meu. Eu não sou que nem você, porra. Eu sei que os outros têm vida.

Mas aí eu vi que você tava sacaneando ele, e, olha. Ninguém mexe com ele. Pode ter o rostinho de boneca que for, a educação europeia que for, a postura ereta que for. Fodam-se os meus modos, foda-se a minha unha roída, foda-se o meu tênis sujo. Não é porque você mora numa cobertura e só começou a andar de ônibus mês passado que você pode fazer o que quiser com os outros. Ainda mais com ele.

E, olha, você tem sorte. Tem sorte de nunca ter olhado no meu olho, de nunca ter puxado assunto comigo, de nunca ter chegado nada ao meu ouvido de você falando de mim por aí. Porque se eu descubro uma porra dessas, garota, você tá fudida.

Fudida, tá me ouvindo? Porque aí eu não vou nem precisar estar bêbada pra te puxar pelo braço.
E, depois, eu acho que você já sabe o que acontece.

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Próximo tema: Superficial

domingo, 9 de maio de 2010

MÃE, mère, mutter, madre, mum...

Eu grito, eu brigo, eu reclamo. Mas não sei viver sem você, sem seu carinho, sem suas broncas, sem suas reclamações, sem suas críticas. Não sei viver sem seu abraço, sem seus beijos, sem seu colo, sem seu infinito amor. Não sei viver sem o seu "juízo", sem o "se cuida", sem o seu "Deus te abençoe". É a sua presença que me acalma, me conforta e me tranqüiliza. É você quem me alegra todos os dias, é você quem me anima, me apóia e me incentiva. É você quem confia e acredita em mim. É você quem está sempre ao meu lado, me ninando, me amando, me cuidando, se sacrificando. Tudo o que sou hoje eu devo ao seu amor, a sua paciência e dedicação. Todas as minhas vitórias e conquistas eu devo a você, e são os presentes que posso tentar te dar pra retribuir um pouco de tudo o que você fez por mim nestes últimos 21 anos. Você me deu a vida, me deu sabedoria, me moldou e me transformou no que sou hoje. Você me deu amor, me deu alegria. Sem você eu nada seria. Sem você eu não existiria. Mãe, eu te amo. Daqui até a eternidade. Desde sempre e para sempre.


...Só pra não passar em branco aqui.
Voltando: PRÓXIMO TEMA: Palavrões

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Aprendi que não é fácil

Aprendi que o fim nunca é fácil, mesmo que desejado, previsto ou o caramba. Terminar algo é recomeçar. Mas não sabemos para onde esse recomeço vai nos levar. Choramos e ficamos mal não só pela perda e ausência do que foi antes muito presente, mas também pela angústia do que está por vir, pela incerteza, pelo luto natural de um ciclo que se fecha.

Não é fácil lidar com perdas. Aprendi que não é fácil lidar com as pessoas quando elas pensam de outra forma e tem desejos diferentes do seu. Não é fácil lidar com a rejeição, lidar com o fim de alguma coisa que você prezou demais e que lhe foi extremamente importante. Não é fácil lidar com a indiferença alheia, com a falta de paciência e com a falta de oportunidade que os outros não me dão. Não é fácil o passado vir novamente à tona justamente quando você começa a deixá-lo no passado. Aprendi que não é fácil se deixar levar pela emoção e pelo coração, enquanto os outros se deixam levar só pela razão. Não é fácil abrir portas pra começar uma nova relação por medo de estar fechando as portas pra outra. Não é fácil lidar com o medo de perder a chance de um recomeço. Não é fácil querer quem me quer, mas também não é fácil deixar de querer quem não me quer. Não é fácil lidar com o medo de não ter sido um pouco mais paciente. Mas aprendi que também não é fácil rejeitar tantas oportunidades pela espera de uma que não vem. Não é fácil esperar e sentir saudades. Não é fácil você querer, insistir e ouvir um não. Não é fácil quando duvidam das minhas mudanças. Não é fácil quando não me deixam oferecer todo o meu amor e dedicação. Não é fácil... Mas na vida e no amor, não temos garantias mesmo.

Aprendi a deixar as coisas fluírem naturalmente. Não quero mais dor, não quero mais peso. Quero ter a certeza de que fiz tudo que pude, e tenho. E independente de qualquer coisa, só quero ser feliz. E a vida vai fluindo... E as coisas vão acontecendo... E aos poucos a gente vai se permitindo... É difícil, e aprendi que as mudanças às vezes são mesmo assustadoras. Mas quem disse que viver seria fácil? (texto meu de agosto de 2008, com algumas modificações)


PRÓXIMO TEMA: Palavrões

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Lissensa Powéhtik,



Desculpa, meu amor. Me desculpa se eu sou a sua culpa. O meu passo está na frente e você está atrás. Não temas disso. Estou de costas. Estás na minha cola. Estou vulnerável. Agarra-me com um mata-leão ruidoso. Estarei pronto para dar-lhe meu contragolpe efusivo. Estarás no chão, de novo. Mas estará na minha frente, de novo. Pisoteio-te para passar-me adiante. Teu berro de dor me entristecerá. Estou na frente, vulnerável novamente. Culpo-me pelo berro ouvido. Dou o braço a torcer. Ergo-lhe e te jogo para cima e, com contra-gosto, contra ataco andando de passos calejantes para o ponto seguinte. Meus calos ardem. Agacho-me de curioso, Pula-te feito cavalinho. Danada, estás no prumo. Estou com a garganta seca e sangue concentrado no crânio. Me deste um gole seco de saliva. Seu prazer lhe distraia. Olhou-me e tropeçou no meio fio. Rezando na posição do clero. Napoleando galopei. Conquistei tuas costas esguias com massagens de meio-dia, feitas por pés calejados, ancorados no horizonte. Olhava pra frente mas não via que via só. Só e somente só. Pois via fantasias enquanto ardias de dor. Então foi quando, talvez num ato de costume, desceu das costas e deu um passo a frente. Quando olhou pra frente, abriu o sorriso, dilacerou-se do orgulho, desfez-se de tal mediocridade e girou no próprio eixo cento e oitenta graus, graúdos graus. Ajoelhou-se pecaminosamente. Piscava incessantemente. Erguera o rosto tremendo em frente do novo que via. O novo contra olhou com um olhar perdido, já na abstinência de ganhar alguma batalha pretendida. Olhos deitados, cansados de tamanha clemência. Foi quando o ajoelhado do horizonte visto e não compartilhado suou, chorou, misturando todo o seu eu-orgânico e se acabou mirando os olhos pro céu. Os joelhos do meio fio fizeram o beligerante de trás ver aonde o chão semeava o limite. Dependurou-se no ombro do choro alheio, ergueu-lhes feito árvore, seus joelhos apenas jorravam o vermelho da vida. Mas, em contra-partida agora andavam e miravam juntos para uma via sem volta.

A via do amadurecimento.


Próximo tema: O que aprendeu hoje?

Filhos da Puc

"O que a vida constrói, a puc destrói" - isso era o que eu mais ouvia na primeira semana de aula quando me perguntavam se eu tinha namorado e eu dizia que sim... Tinha minha consciência limpa por saber que nunca terminaria meu namoro de três anos por causa da minha vida de universitária, das festas, do pires, das novas amizades, do novo tudo... Eu já era madura o suficiente pra entender que não preciso ser solteira pra ter minha liberdade.

Entretanto, as coisas já não caminhavam muito bem, e o ponto final foi posto - talvez - no melhor momento... eu precisava de um tempo só meu, um tempo me amando, um tempo admirando meu talento, coisa que por três anos praticamente fechei os olhos... o ponto final veio e com ele um vômito de palavras, de sentimentos e desabafos... o ponto final veio e com ele muitos sorrisos, declarações e poesias... o ponto final veio e com ele um novo começo de frase, ou novos, varios 'era uma vez', varios novos, varios tudo... veio tudo junto, jorrando felicidade...

Era a melhor fase da minha vida. Quer dizer, É a melhor fase da minha vida... e não foi a PUC que me fez enxergar que eu precisava estar sozinha pra perceber isso, eu simplesmente vi que para ser feliz nesse novo mundo eu teria que me desprender dos meus antigos, do que me deixava sem ar nos meus medos do passado... eu tinha que sair daquilo, da sensação sufocante de não poder amar a mim mesma... a sensação sufocante de estar com alguém que nunca ligou pro meu talento, minhas palavras, minhas fotos, meu dia, meu amor...

Não suporto ter que escutar que o ponto final existiu por causa das festas e das minhas cervejas, não. Como eu disse, já era madura o suficiente pra entender que não preciso ser solteira pra ter minha liberdade... E melhor ainda: não preciso ser solteira pra ver que me amo mais do que amo os outros, que sou mais feliz dedicando meu talento a mim mesma, minha vida a mim mesma, meu amor a mim mesma...

Mas nem tudo na PUC é SÓ festa, não é mesmo? Mesmo em comunicação social... e eu não falo dos estudos (que estudos?), eu falo daquela parte do novo, das novas pessoas... Porra, eu cheguei com dois pés na frente, tentando me infiltrar aonde houvesse energia boa, tentando transmitir meu sorriso e minha personalidade forte, tentando fazer novas amizades pra esquecer das minhas perdas passadas. Mas ganhei patadas - já... e isso chegou longe. Quando eu não conheço alguém, eu não julgo a pessoa, eu não chamo ela de piranha e rendeira, eu não falo nada que ela não possa se defender... mas eu posso. E estou aderindo a nova comunidade do orkut: "sou legal, não to te dando mole". Se eu rendi pra veteranos, calouros e afins, é mais do que problema só meu, certo? Se eu ainda tivesse ficado sei lá, com 15 meninos da puc em 1 mês, NEM ASSIM vocês poderiam me chamar de alguma coisa...

Vida de universitário é isso mesmo. Você é feliz todos os dias, você bebe quase sempre, você se encanta com todo mundo, você tem que ser inteligente pra tirar nota boa sem estudar, você tem que aprender a amar a si proprio, você cria uma nova historia, esbanja seus talentos, mata aula no pires (mas sem exagerar), você faz tudo o que quer, cria responsabilidade na sua vida, você tem que aprender a lidar com gente MUITO mais invejosa do que no colégio, você tem que aprender a lidar com uma universidade inteira, milhares de pessoas prontas pra te dar o primeiro tiro. Você tem que estar preparada pra dizer que não depende da opinião alheia pra ser feliz.


Eu não dependo, e tornarei, então, minha vida de universitário na minha propria vida, e assim, serei MUITO, MUITO feliz...


PROXIMO TEMA: INVEJA

Eu me basto.

Em toda minha vida nunca tinha conseguido me desprender dos sentimentos pelos outros. Não conseguia ficar muito tempo solteira ou muito tempo sem gostar de alguém. Sentia sempre necessidade de ter meu coração preenchido. Ou eu saía de um namoro e entrava em outro, ou saía de um sentimento e começava a sentir de novo por outra pessoa. Se eu estava solteira, sempre sentia saudade do último ex e quase não conseguia tocar a minha vida realmente em frente enquanto não achasse um novo homem pra me fazer sentir borboletas no estômago pra poder me entregar de corpo e alma novamente.

Realmente, amar e ser amada é a melhor coisa do mundo. É lindo, sublime, encantador, sereno, e faz bem pra alma e pra saúde. Mas somente agora eu realmente consegui entender e sentir que o amor próprio é muito mais importante que o amor ao próximo. Até porque, se nós não nos amamos, jamais conseguiremos oferecer amor ao outro. E isso, pra mim, é indiscutível.

Sempre respeitei minhas lágrimas, mas hoje respeito muito mais minhas risadas. Pela primeira vez na vida eu estou feliz, porque agora eu sou a causa e a consequência, e o único motivo dessa felicidade. Todas as minhas vivências, experiências, erros e acertos me fazem rir e me fazem hoje uma mulher mais sensata, crescida, madura, feliz.

Pela primeira vez na vida eu estou totalmente desprendida de sentimentos, não preciso de um novo companheiro, não sinto mais necessidade de ter um novo (bom) namorado. Não amo ninguém além de mim mesma e de outras pessoas próximas a mim. Não estou amando homem algum, e até agora pouquíssimos fizeram meu coração disparar. E é por isso que não estou com pressa de dar chance aos pretendentes apressados, porque hoje, o meu único pretendente é o amor-próprio. E o meu único objetivo é continuar sendo feliz e me bastando sozinha, porque sei que foi por ter sentido tanta dor que hoje eu sei reconhecer, sentir, desfrutar e aproveitar a felicidade.

Hoje eu estou e continuarei estando sempre no patamar mais alto da minha vida, e sou muito mais feliz por ter reconhecido, aceitado e entendido que minha felicidade não depende de ninguém porque as coisas mais lindas são gratuitas e estão em pequenos gestos e pequenos acontecimentos que poucos param pra sentir e perceber. Hoje vejo que a felicidade está nas coisas mais simples da vida, e consigo reconhecer que eu posso ser perfeitamente feliz sem precisar de ninguém.

Mas não quero ficar sozinha o resto da vida, até porque amar e ser amada é algo que também enobrece nossa alma e nos faz feliz. Na verdade, é porque hoje minha única prioridade sou eu e a minha auto-felicidade. E depois de tantos erros e acertos, aprendi que na próxima vez que eu estiver com alguém, estarei com ela ciente de que estou junto porque amo, porque gosto, porque quero e porque me sinto bem, e nunca por achar que preciso dessa pessoa ao ponto de não conseguir viver sem ela. Hoje, eu vivo por mim, e vivo em busca do propósito da minha existência.

Aprendi, com muito custo, que as pessoas se completam não por serem metades, mas por serem pessoas inteiras, dispostas a dividir alegrias e objetivos comuns. Aprendi a crescer com as cordas do violão: são independentes, mas juntas, e cada uma fazendo a sua parte constroem as mais belas melodias. Aprendi finalmente a me bastar, e a nunca mais me abandonar.



PRÓXIMO TEMA: Vida de universitário.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Desde o dia em que te vi...

Na primeira vez que te vi meus olhos brilharam, ofuscados pela sua luz.
Ofuscados pelo brilho dos TEUS olhos.

Na primeira vez que te vi senti meu coração pular pra fora do peito,
Querer sair pela boca.
Bater dentro da garganta.

Desde então, não consigo pensar em mais nada.
Não quero pensar em nada.
Abandono todos os pensamentos pra conservar aquela lembrança.

Lembrança, só lembrança, porque nunca mais pude te ver.


Próximo tema: livre.

Waltinho

Tudo tem dois lados
Como uma faca de dois "legumes"
Como o espelho da poça em estado ondulatório
Causada pelo passar de rodas de um carro em plena corrida
Como dois rios que desembocam no mesmo
Lado

Lados...

Eu e meu Walter Ego.

PRÓXIMO TEMA: À PRIMEIRA VISTA

Nascer

O amor nasce no lodo
É como um rodo
Que passa e arrasta
A essência de si

O amor nasce no lixo
É como um bicho
Que precisa de espaço
Para poder viver

O amor nasce do nada
É como uma enxada
Cravada no solo
Do meu coração

O amor nasce em mim
E caminha para o fim
Morrendo aos poucos
Deixando-nos loucos


Próximo tema: tudo tem dois lados

terça-feira, 4 de maio de 2010

O Parto do Artista.

A inconsequência de amar é morrer de amor,
A inconsequência de sonhar é viver dele,
A inconsequência de escrever é se autoanalisar,
A inconsequência de ser artista é amar demais, sonhar demais e escrever demais.
A inconsequência da consequência é ser quando não se deve.
A inconsequência de ser é não ser sendo.
A necessidade da inconsequência está em duas doses a mais, uma caneta, um pedaço de papel, um amor e uma obra.
O resto é consequência.

PRÓXIMO TEMA: "O AMOR É O RIDICULO DA VIDA"

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Já são tantos minutos do dia 30 deste findável mês. E você ainda não me pegou pela cintura nem me arrastou para aquele cantinho desejável deste lugar intrigante. A música que sai das ondas não é a que toca na minha cabeça: estou mais para um rock velocidade cinco, do que para esse agregado a dois do Dj. E a sua? Pela SUA velocidade aposto que o fumo da bananeira te ganhou primeiro. Poooooooorra. Você notou as minhas coxas, decotadas pelo meu vestido? E a minha linguagem corporal? Estou voltada para você, olhando para você, braços abertos, peito estufado, diafragma devidamente sem respirar, maquiagem devidamente retocada... estou ridícula. Dançarei o agregado a dois com a parede. Sozinha! Adoro minha própria companhia. As ondas mudam: batidas afro-caribenhas. Você lá, na sua batidinha ordinária. O garçom ri com a minha voz fingidamente máscula: "Vodka, rum, 51, whisky com açúcar e lichia, errr... bastante açúcar." Seja lá o que for isso, meu humor muda. Não vejo mais você, vejo você e seu irmãos gêmeos. Subo no sofá e levanto o vestido: minha calcinha fio dental vermelha está aparecendo? Acho... que sim. Porque você veio até mim... quer dizer, até a minha... bunda!!! Para de apertar a minha bunda! Eu só quis ajeitar a calcinha! Cade a privacidade das pessoas? Nossa... isso aqui é uma festa ou uma casa de swing? Porque TODOS estão... meio emaranhados uns nos outros. E você agora quer se emaranhar em mim? AGORA? Pra porra com o seu agora, agora eu quero outro. Mais ritmo vindo do lado de fora de mim: don't stop make it pop / DJ, blow my sneakers up / Tonight, I'mma fight till we see the sunlight / tik tok, on the clock... Puta meo, cade meu jack daniels? Preciso fazer um gargarejo e tirar esse bafo de porra nenhuma. Mãaaaae, cadê meus óculos escuros? Foda-se! Vou dançar no chão mesmo. Vai um, beijo um; vem outra; beijo dois; Vem mais uma, amasso triplo... no chão?













Bom dia (merda de luz, merda de dor na cabeça). Legal, quem me trouxe até a praia? Cade minha bolsa? Preciso achar minha bolsa. Quem são essas pessoas encoxadas em mim? Vou levantar, solenemente, mas dói.... tudo.... Ao longe, mas não tão longe assim, alguém falou praqueles emos que eles estão pelados e jogados na beira da praia? Puta merda, pelo menos a minha noite não foi tão inconsequente quanto a deles. (Estou sem calcinha, começo a ter dúvidas sobre isso)
próximo tema: inconsequencia

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Ao Anjo.

Anjo meu que perdeste-se na vida
Quanto tempo a mais para que voltes?
Quanto pra curar a mesma ferida?
Volte logo, porque encontro-me em partes.

A saudade, subindo em espirais
Quero sentir tua dor e prazer
E novamente, quanto tempo mais
Para que possa nosso amor crescer?

Anjo meu sem asas nem compaixão
Que meu corpo e minha alma dilaceras
Parte-me as veias, finda o coração
Que sabes o quanto que lhe esperas.

Faça tuas asas e dê partida
Novo amor, novo prazer, nova vida.


Próximo tema: FESTA.

Cheiro

Como eu aprecio esse teu cheiro de corpo nú
Esse cheiro que é só teu
Esse cheiro que é só nosso
Tira tudo e encosta aqui em mim
Tira devagar e só encosta, não diz mais nada
Me cheira
Cheira esse meu cheiro de corpo nú
Pronto. Sou tua.

PRÓXIMO TEMA: ANJOS

Cultuado

Não me pergunte sobre minhas raízes cláustrofóbicas
Que crescem para baixo
Enveredando-se na base desequilibrada
Do que chamam de amor

Na prática de amar
O contrário do que se diz
É a verdadeira face
Do que não se vê

É quase tudo
De frente para o espelho
Vendo-se quase nada

É o copo de vinho esquecido
Pela amnésia da embreaguês
Calibrada
Do poco de vinho tomado.

PRÓXIMO TEMA: DESPIR.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Não bebo sim e to vivendo...

Ninguém tem mais moral que eu para falar mal de bebidas alcóolicas (pode ter tanto quanto, mas não mais). Tenho 21 anos, não bebo, nunca bebi. Não é por causa de religião, promessa, doença, influência da família, aumento de barriga ou caretisse...A verdade é que sempre quis ser do contra. (Ser do contra é bom, afinal só vira alcoólatra quem bebe bebidas alcóolicas).

Participei ano passado de reuniões dos narcóticos anônimos para uma reportagem sobre o crack que foi para a CBN. Imagino que as reuniões dos alcóolicos anônimos não tenham tanta diferença. As drogas são diferentes, mas continuam sendo drogas. Não entendo quem recrimina a pessoa que fuma maconha uma vez por semana, e vai todo domingo para um boteco beber umas cervejinhas. É tudo droga. Uma lícita, a outra não. A devastação no corpo não depende tanto da droga e sua legalidade e sim da pessoa e de sua propensão ao vício.

A imagem que a televisão mostra na maioria das vezes é que o alcóolatra sempre é um homem, pai de família, que abandona tudo por causa do problema (com excessão da novela Viver a Vida, com a Renatinha alcóolatra e bulímica [ou anorexa, não acompanho muito]). Provavelmente antigamente realmente (quanto mente) parte esmagadora faziam este perfil. Mas hoje com a liberdade da mulher, o direito dela fazer as mesmas coisas que o homem, tanto no trabalho, como na cama (grande número de lésbicas hoje em dia), faz com que tenha mais mulheres sofrendo as "mazelas do homem"...

Ps: Serei processada depois deste texto pelos alcóolatras, apoiadores do álcool, narcóticos, feministas e por meus professores de Jornalismo, por causa do meu texto opinativo!

Próximo tema:
Amor platônico

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Desabafo Construtivo

Cheguei lá, você me esperava encostado na porta, apoiado num pé só como um saci, mas não era um folclore... você esperava também de braços cruzados, impaciente, inconsequente, mas eu não sabia o porquê. A sua impaciência deixou a energia negativa entrar dentro de mim, e meu sorriso desapareceu no meio da sua intolerância... você não perdoou meus erros e ficou ressentido por eu ter te amado demais. Você não pensou na hora de pisar nas minhas feridas e me amar menos do que eu merecia, não pensou que eu te tratava como prioridade, e você me tratava como opção... você não pensou em nada, porque você não pensa.
Eu sabia que era mais uma vez que minha fraqueza apareceria diante do nosso falso amor: eu sabia que você acariaria meus cabelos, como quem não fez nada, como quem quer esquecer que fez alguma coisa... você tocaria meus lábios, lembraria nossos apelidos, me jogaria na cama e o resto é detalhe... eu sabia que mais uma vez escorreriam lágrimas dos meus olhos quando eu estivesse nua ao seu lado, por saber que fui novamente vencida pela minha fraqueza... eu sabia, mas deixei tudo acontecer.
Prometi pra mim mesma que seria a ultima vez vendo você parado a porta de braços cruzados, porque eu não deixaria mais você esperando pelo meu retorno, eu não ia mais voltar, eu não queria mais ficar entre as grades, sem conseguir enxergar alem delas por falta de luz... eu não queria sentir mais seu lençol da semana passada, sua calça jogada no chão, seus vícios, suas palavras, eu não queria mais sentir sua pele encostada na minha, e por isso comecei a sentir nojo de mim, nojo da minha fraqueza, da MINHA inconsequencia... da minha culpa, não da sua... comecei a sentir nojo de mim...
Prometi mesmo que seria a ultima vez, porque ainda existia dentro de mim um amor proprio maior do que por você, indiscutivelmente maior, por incrivel que pareça... Eu sabia que sofreria com a tua ausência, sabia que sentiria saudade das brincadeiras, dos apelidos, de estar chorando nua ao teu lado, de você secar minhas lágrimas com suas mãos encaixadas nas minhas... eu sabia que não haveria ninguém como você... mas eu não poderia permitir continuar na fragilidade eterna do medo de assumir que não preciso mais de você.
Eu não preciso mais de você, na verdade, nunca precisei.
Você foi só mais um motivo pra eu dizer que alguém é a minha metade, pra tentar completar o vazio que a vida por si só conseguiu cavar em mim, mas percebi que só eu mesma sou capaz de me completar, eu sou metade da minha laranja...
FODA-SE, eu cansei de ver você me esperando na porta,
eu cansei de esperar por você na vida,
eu cansei da vida com você.


PRÓXIMO TEMA: ALCOOLISMO

Hoje

Não é que eu estou cansada, não é tédio.
Não quer dizer que caímos numa rotina,
nem que precisamos fugir do óbvio.

A nossa dança ainda me encanta,
ainda quero o seu suor na minha pele.
E, olha, se isso te consola,
eu também não sei como vai ser.

Eu só sei que eu quero que seja, e que seja agora.
Só sei que hoje minha vontade tem medida, tem número, tem nome.
Hoje eu preciso de uma a mais na nossa cama,
hoje eu preciso ficar no meio,
hoje é três ou é nada.

Amanhã nós podemos ser dois,
mas hoje deixa o dois para depois...

Hoje eu preciso que três seja par.

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Próximo tema:
Foda-se

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Bicho-da-Luz

Olhos abertos, bem cegos

A muralha que usurpa meus sentidos

D'eu não sei mais

Carrego a tua ternura como contraponto

Sua inconstância excita minha dor

Um distúrbio de atenção hipnotizante

Sufoca minha história

Corta na n'altura do meio-fio

Sedução póstuma me ressucita

O olhar de cima me procura

Sempre me mira

Sempre me acerta

Me dilacera por todos os cantos

Os cantos que escondem toda essa dramaturgia

Nenhuma cirugia dura tanto

Tem tempos que seguro meu pranto tenáz

Um cano de escape interno

Cavalga no meu corpo uma esperança

Respiro cada segundo esperando

Intensidade jogada fora

Abro a camisa

Bate o frio em meu peito

Meus sonhos brilham como cetim

Porque quero-te junto a mim

Mas não tenho minha carícia sempre que preciso

Minha delícia sempre que tenho fome

A imprevisão me hema-toma

Quero falar

Não quero perder

Quero deixar

Mas não quero perder

É uma luz, eu sou o bicho-da-luz

Cego. Insistente. Friorento.

Quero o teu calor verdadeiro

Jorra pra mim tua presença

Me engalfinhe seu passado

E, finalmente, faça de mim teu futuro

Mostro meu tango com seu samba

Meu coração argentina a sua brasilidade

Sua futilidade não ganha, nem de longe, sua culturalidade

Nunca escrevi algo tão assim

Pois depois de anos percebi

Qual luz quero enxergar

Ou sentir

Veja, meu amor não é assim

Não conheces meu amor

Ele não é assim

Ele é assado

Temperado

Um pouco de vinho branco

Um pouco de cachaça

Gosto tanto quando me abraça

Sei que é entregue

Quando me madruga, acorda meu coração

Quero dar beijos de tesão

Olhar pro céu da pálpebra

E sentir meus pêlos terem sentido

Quero sair por causa desse texto

Mas quero ficar por causa desse pretexto

Da jóia que brilha e é lapidada

Desejo te fazer amada

A sua diversão me diverte

Mas quero ficar inerte à sua volta

Escrever com um hidrocor

Tudo que podes não ler muito bem

O seu corpo e meu sentimento em palavras fincadas

E depois lavar com a mangueira

Todo esse vermelho

Toda essa cegueira

Intensa de te ter

[Você.


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Próximo Tema: Ménage à Trois

enclausuramento involuntário

Enclausurado num quarto sem saída
Num momento sem nexo
Num mundo previsto
Preso no vazio de um balanço imaginário
de uma vida sem fantasias
de uma linha uniforme e eterna, sem bifurcações

Procuro uma lâmpada, vela, isqueiro
procuro por uma porta mais clara, um ar mais fresco,
pois estou preso
estou preso na eternidade de uma rotina sem fim
sufocando-me aos poucos na tua vida sem mim
sem querer pisando nos seus calos
nas suas feridas causadas no ontem
na sua indignação perante a minha felicidade

Inveje-me, mas não tente destruir todo o passado
não tente tirar o que foi teu, o que é meu
não tem mais 'nosso', um mundo preto e branco
até que eu gosto disso.

Mas o sufoco continua, tirando meu ar
meu sorriso, meu embalo da alma, minha vontade de viver
pra que a infelicidade se tenho você?
tirando meu prazer, você me trancou nesta merda,
entre quatro paredes
escuras.
nesta merda sem janelas, sem portas, nem varanda.

queria eu meus azulejos beges escuros, encostados no rodapé da minha varanda, com o vidro transparente e rede a prova de crianças inconsequentes (ou adultos suicidas).
queria eu esta varanda, pra sentir o ar que você não me deixa respirar.


PRÓXIMO TEMA: DESILUSÃO

Interior de nós

As mazelas da vida
Que se espera que o homem enfrente
Não são as mínimas do segundo mais lento
As mais importantes do coração

Essas são imperceptíveis
Folhas brancas
Em branco, sem palavras

Um vírus invisível
Que contamina a parte do perceptível
E essencial.
Acende as luzes
Ofuscando a visão do seu próprio quarto.

PRÓXIMO TEMA: VARANDA

terça-feira, 20 de abril de 2010

a queridinha de todos nós.

.o RDUÍO DOS MUES DAIS ME PORUDZ CACOFONIA
Quero prender-me no embalo da vida, traduzir para japonês a sua felicidade russa.
Falar mansinho quando queimar meus pés no asfalto quente, fazendo sístole cardíaca ao contrário. Controlarei a dor autista que abate meu sistema nervoso: nervoso com tanta mentira. Mentira vinda das ruas, da sua boca sem carne e dente. Faminta por leite materno.
A falta do leite nos meus primeiros dias me fez andar pelas ruas com um caderno na mão desenhando o semáforo das minhas partidas de álcool e desejando fazer excesso de conectivos conectivos esses que me fazem questionar o porquê da sua vontade louca de escrever tudo com ponto e pausa se podemos simplesmente criar a gramática da não pausa
... (estou bebendo a gota d'água)
Me desculpa pela pressa! é porque a vida não mais faz sentido. Um dia me chamaram de louco, pediram pra eu aguardar na sala de espera de um médico psicopatológico. Fez perguntas esquisitas. No dia seguinte eu não tinha mais emprego e meu bem maior tinha decidido que eu morri pra ela. Fui me achar nas ruas que carregam contaminações asmáticas, sinestesias inodores, transeuntes do arranha céu e companheiros normais iguais a mim. Foi quando me deram este caderno onde escrevo. Disseram que posso decifrar nas páginas toda a exclusão que me foi exposta e vivencio no raiar das minhas luas. Troquei o dia pela noite e agora não quero mais sair daqui.
na minha normalidade esquizofrênica descobri que não se denomina nem se aponta loucura: as pessoas aprendem a lidar com sua loucura ímpar. Prefiro ser paranormal doentio do que ser anulado pela pressão desse todo e me encaixar na esteira de produções similares.
"Emoção violenta é insanidade."
próximo tema: vírus

sábado, 17 de abril de 2010

Quando uma leve brisa tocar em seu rosto, não se assuste... é a minha saudade que te beija em silêncio.

Senta aqui, faz tempo que a gente não se vê... faz tempo que eu você não sussurra no meu ouvido palavras que possam me acalmar...
Faz tempo que eu senti cosquinha com você, brinquei com você e senti a eternidade em seus braços, faz tempo que a minha vida não tá completa, faz tempo que a vida me tirou você... Tá longe de ser uma injustiça, com o destino a gente não discute... a vida me tirou você mas me deu forças pra que meu caminho fosse mais seguro. Faz tempo que eu não ouço você dizer meu nome, faz tempo que não vejo seus dedos do pé, faz tempo demais que eu te dei o ultimo abraço... Faz tempo que não escrevo sobre você, que não declaro minha indignação, que não demonstro meu afeto... como se não doesse ouvir seu nome e saber que você não vai ver o filme comigo hoje a noite... Faz tempo que eu não choro... te visitei outro dia.
Não é só no ruim que lembro de você, eu queria que você estivesse aqui pra dividir comigo minhas tantas alegrias e sorrisos intermináveis... Faz tempo que eu não vejo seu sorriso, sinto seu perfume, ouço a sua gargalhada grossa, faz tempo que você não me visita, mesmo estando aqui do meu lado a cada dia... faz tempo que eu não confesso pra mim mesma a falta que você faz em mim, por saber que eu podia ter você e o destino me tirou isso.
Não dá mais pra esconder, não é mais segredo:
eu to morrendo de saudade........


PRÓXIMO TEMA: INSANIDADE

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Próxima Estação: Cure o Vivaldi



"Vestiu seus olhos por cima
É uma maravilhosa surpresa
Ver seus sapatos e seus espíritos subirem
Jogando fora sua carranca
E somente sorrindo ao som
E alisando como em um grito
Girando, rodando e rodando
Tomando uma grande mordida sempre
É uma visão tão deslumbrante
Ver você comer no meio da noite
Você nunca pode ter o bastante
O bastante é muito
Sexta-Feira eu estou apaixonado"
(trecho da letra The Cure - Friday I'm in Love)

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=ATOUM=
Como os brios sopram
As labaredas de vento
Moeção de medo
O escuro engrandece, energiza
Força obscura, rege a lenda da destruição
Abaixa a temperatura
Alarga minha compaixão
Deixa eu me embriagar, senhor
Prantos gelados em minhas costas
Fazem arder minhas espinhas
Minha respiração entra em recesso
A garganta amargura o azedume
Cospe todo perfume do banho quente não tomado. . . . ...
=ATODOIS=
. . ..ece. Amanhece.
O vapor navega
Desce e desaparece
Caroneia meu despertar
Começa a germinação do meu assobio
Dos campos irradio
Mergulho abaixo, mundo afora
Mundo aflora o daltonismo mais louco
Me tirou do meu sufoco
Que começa a terminar.
=ATOTRÊS=
Peitos de fora
Troncos abertos, galhos gentis
Deixa a luz passar
Desperta a minha paixão
Aquece minha prece
Fico cego em te olhar
Mas ganho companhia no sentido oposto
Um tanto fosco
Moldura peculiar
Se torne o dia
Me separa da noite
Seja o açoite
Da palavra bandida
Refresca a batida
Joga fora a embriaguês do meu calor
=ATOQUATRO=
O céu não chora mais
Tudo se queimou
Ardeu no fogo do inferno
Me escondo no seu terno
A suíte da minha fuga
Não encontro minha cama
O chão ficou em chamas
No resto tenho que ficar
Sou vítima da minha imprudência
Mergulhei antes de pular
Salto os olhos com o início
Mais um início
Daquela velha roda
Da minha bastarda eternidade.

Próximo tema: Segredo

Quais cores?

Quando eu era criança meu avô tinha uma caixa de fotografias antigas. E eu sempre me perguntava se na época que ele era jovem o mundo era realmente daquela cor. Engraçado, depois que cresci me convenci de que era colorido. Só que agora a dúvida reapareceu!

O que são as cores? Ondas de luz branca com comprimentos diferentes? Não sei.
Eu não via as cores nas fotos. Como posso garantir que elas estavam lá? Simplesmente, não posso! Eu nem sei se as cores existem mesmo. Não posso nem ao menos tocar num arco-íris.

Cores não são palpáveis. São visíveis e eu não confio muito nos meus olhos.
Tá ai, e se meus amarelos forem vermelhos e meu azuis, verdes? Meu pai é daltônico. E eu me divirto quando ele fala que gostou de uma camisa marrom, quando na verdade ela é vermelha. Mas será possível que seja eu a enxergar errado?

Minha cabeça está muito confusa agora! O meu roxo pode ser diferente do seu. E nunca vamos saber disso. Porque aprendemos que a planta é verde e o sol, amarelo, mas eu posso ver a planta da cor que você vê o sol.

Bom, a física explica tudo isso. Mas, sinceramente, eu não sei se acredito muito nessa história doida de ótica. Se eu não posso enxergar com os olhos e com o cérebro de outra pessoa, como vou saber se ela vê a mesma coisa que eu?


Próximo tema: calendário!

terça-feira, 13 de abril de 2010

Coordenação e subordinação

Ontem eu descobri que na minha mão existem duas linhas da vida. Uma começa e vai se atenuando, apagando-se, até deixar de existir. A segunda encontra-se com a primeira através de uma bifurcação. "Nunca vi isso. Você tem vidas paralelas", - você terá que decidir de que maneira quer ver seu sol nascendo. Eu tenho uma profecia nas linhas da mão, desconhecida e talvez errante. E se não for eu a mexer nos fios das minhas ações?

Chegará um certo momento que eu terei que desmitificar meus próprios medos.
Erro de principiante: qualquer hora é hora de assumir a própria vida. Encarar nosso palco de teatro. Sermos protagonizantes, e não mera sombra ilustrativa.

Mas eu temo o que, então?
Medo dos fios que me seguram me prenderem no palco, delimitanto meu gozo, meu riso, meu choro. E se eu quiser pular em cima do público? "...brincar de ser feliz, ...cuidar do meu nariz?"
E se eu pegar a rosa que me dão de presente e descobrir que não sou eu quem está sangrando por ter ido de encontro ao espinho. Pior ainda: descubro que a dor sentida, não me pertence; as palavras de agradecimento proferidas, tampouco. Quem o faz são os fios acima de mim: controlaram meus impulsos, enjaularam meus pensamentos, fizeram de mim um instrumento oco, barro inútil.

Vamos, me dá uma tesoura!
Vos dê uma tesoura. Cortem os fios. Todos eles.
Se sinto a batida tênue de minhas veias, é porque tenho corpo.
Se minhas cordas vocais vibram, tenho a palavra. ou o grito.
Se meus músculos contraem, é porque tenho força. ou posso criá-la.
Se vejo o público olhando em meus olhos, isto significa que tenho a capacidade de retribuir a ação. Toda ação tem uma reação. Portanto, seja ação e reação. Seja - tenha - a SUA ação. Não a que os outros querem que você tenha.

Nunca é tarde para pôr as mãos nos próprios fios. Deixar de ser marionete. E ser, pura e simplesmente, você.
Não se esqueçam do mestre Charles Chaplin ao dizer que "a vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos."
Verdade mata, mas enobrece.


Próximo tema: O mundo em preto e branco

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Não precisa ser fã pra entender

Como num conto de fadas, surgiu um herói pra acalmar os pesadelos dos apaixonados. Suas palavras em bilhetinhos azuis talvez fossem cumplices dos desamores e desilusões, mas eu agradeço por esse cara ter surgido no mundo. Parte da burguesia, ele acreditava na inocência do prazer, mas não esquecia que ser exagerado fazia parte do seu show. A vida não doía, morrer não doía, para ele, era tudo festa enquanto a festa rolasse. Por culpa da sociedade hipócrita, ele queria esquecer de quem era o poder, mas seu codinome beija-flor não o deixava ficar parado, ele queria voar pelo mundo e ser quem não era. Ele queria mudar o planeta com suas palavras de poeta. Acreditava que o Brasil iria ensinar o mundo, mas que esse era um moinho, e não parava, enquanto a paixão não fizesse congelar os sorrisos. A incapacidade de amar do jovem deixava sua cabeça fora do lugar, e uma luz negra surgia nos seus dias, levando embora os caminhos que já havia traçado. Pousando de star, acreditava na necessidade de dizer 'te amo', mas no rock in geral, tentava falar de poema, sexo e preconceito. Um ritual de maioridade, uma malandragem bizarra diante de uma modernidade tão burra, mas ele sabia que não havia perdão para o chato - por isso não o era. Ele tentava ser o que ninguém conseguia, e mais feliz que todos, dizia: "o tempo não pára". Ainda assim, se sentia largado no mundo, por ser tão oposto dos que estavam tão perto dele. Cazuza era oriental, portuga, filho unico, garoto de bauru, maior abandonado, menino mimado, cavalo calado, billy negão, cazuza era tudo e todos ao mesmo tempo, representava o certo e o errado, o bom e o mau, a vida e a morte, o amor. Não tinha uma ideologia, não tinha uma doralinda, uma camila, uma flor, um bebê, uma bete balanço. Mas um pedaço do seu coração era da ânsia, de fazer da pedra, da flor e do espinho uma união eterna, e esconder os pontos fracos dos alheios. Acreditava na insanidade, na incapacidade de amar, no mal nenhum. Vivia na era medieval II, mas era sem vergonha, não gostava de solidão - que nada. Queria que o dia nascesse feliz todos os dias, por quase um segundo... Se perguntava por que a gente é assim, e retratava nos blues da piedade, a tristeza por ver que a vida estava longe de ser eternizada. Certo dia na cidade, numa quarta-feira, deu boas novas a vida: foi embora, pegou um trem para as estrelas, levou todo o amor que houver nessa vida, e partiu, mostrando que a vida louca vida é breve, e que ninguém morre se não tiver deixado uma marca, e sua marca foi tão grande, que pra escrever sobre ele, só mesmo com as suas proprias músicas.

Se heavy love fez mulheres sem razão encontrarem um rumo, suas palavras mudaram a minha vida. E como numa guerra civil, vai à luta, e saiba que a vida não é facil, pois um pedaço do meu coração contém os seus versos. Um dia eu vou encontrar o poeta que fez o tempo parar, exageradamente.


Próximo tema: Marionetes

Inexistindo

Você fez tudo aquilo que não deveria ter feito. Depois de meses em silêncio eu te escuto. E tudo aquilo parece-me mais um monte de palavras desconexas e irritantes. Eu queria que você se calasse.

Por favor, a partir de agora, eu deixei de existir para você. Por favor, pare de ligar. Por favor, me deuxe viver minha vida. Pare de viver na minha sombra, pare de pronunciar o meu nome. Você me cansa. Me mata. Me tira a vida a sua voz. Sua voz e o meu nome. Tira-me a vida. Eu não quero. Eu não permito.

A partir de hoje você não tem o direito de falar nada sobre mim. Eu não morri, eu não vivi, eu não te amei, eu nunca, nunca te disse nenhuma palavra doce ou cruel. Eu simplesmente não existi. Eu não existo. Por favor, me deixe não existir. Deixe-me ser apenas uma pessoa esquecida.

Apenas a partir de hoje. Por hoje. Deixe que eu inexista sozinha com os meus inexistentes amores. Deixe que eu caia inexistencialmente nos bares de nuvem. Por favor. Deixe-me não viver apenas a partir de hoje.

Depois, se depois que eu passar a existir, quiseres falar de mim. Fale. Mas não por hoje. Hoje não. Hoje você se cala sobre mim ou voce virará a mulher do padre.

Grata.


Próximo tema: Cazuza

domingo, 11 de abril de 2010

Villano de mi vida

Santos. São heróis fantasmas. Sopranos em destaque. Aqueles são a efusão em forma de gente. Mas cada indivíduo é herói de si mesmo. Uns mais, outros menos. Naturalmente. Qual seria um ápice de um herói? "Meus heróis morreram de overdose".



Um complexo de servidão e exemplos a serem seguidos em sã consciência. Lavagem cerebral do bem. Uma coisa afirmo com precisão: Precisamos de vilões. Sem eles os nossos(seus/meus) heróis não teríam função alguma. Meu herói sou eu mesmo que venci a batalha biológica, a primeira corrida de minha vida. A dos espermatozóides. Meu primeiro instinto heróico.

É bom diferenciar heróis de mártires. Os heróis estão vivos. Estão emanando correções tradicionalistas e liberais em todas as sociedades do mundo. Cada um de cada forma/jeito/proporção diferente. Como no caso os bombeiros que trabalham sem parar no morro do Bumba (na minha Niterói) ou na arte musical contemporânea que me alenta agora ouvindo 'Bajofondo - Zitarrosa'.

Cada um é o herói que é, não o que merece. O merecimento é dado por nossas interpretações e visões. Muitos heróis ficam à margem de qualquer holofote. O desafio é desafiar todo o seu superego que te bloqueia de ser uma pessoa mais autêntica e melhor. Faça seu próprio julgamento antes de ser julgado. Tenha uma consciência clara e equilibrada de seus princípios e respeito pela humanidade. Mesmo que esta humanidade seja do tamanho de uma residência com míseras 3 pessoas.

O herói do filme que viu hoje não salvará sua vida. Não o fará melhor se o melhor persistir em manter-se calado, atado em seu próprio sangue. Faça-o jorrar. Ou então continue a estagnar seu sangue pra lá de coagulado.

Hasta la vista, villano de mi vida.

Próximo tema: Desabafo

sábado, 10 de abril de 2010

Palavras apaixonadas

Ahhhhh, o melhor dia.
Ou poderia dizer, os melhores dias!

Não consigo imaginar um único dia que possa ser considerado o melhor em essência. Sendo sincera, até consigo. Mas a fluidez dos meus dias implora pelos momentos mais ávidos de vontade!

Como por exemplo, o que seria de mim sem ter acordado às seis horas da manhã, durante uma viagem, com as melhores amigas que eu não pedi, simplesmenta ganhei de presente. Para fazer o que mesmo? Fazer uma visita à SUPER HIPER MEGA cachoeira do hotel. Não estava frio, estava congelante! Tínhamos chinelinhos nos pés, micro biquinis (TODAS se querendo pros meninos ao lado) e um sorriso no rosto. Que ideia ridícula e estúpida! Mas nenhum som era mais alto do que o das nossas risadas. E nada foi mais engraçado do que descobrir que a "cachoeira" era uma poça. Vale falar da lama?

Qual sentido eu daria à vida se não tivesse virado a noite dançando igual à Beyoncé. Cidade pequena. Amigas felizes. Embriagadíssimas de vinho. Trocando os pés, literalmente. Se estivéssemos no Rio, teríamos sido corajosas o suficiente para andar a cidade inteira fantasiadas do jeito que estávamos? (Créditos ao vinho, por favor.) Inúmeros 'fiu-fius' lançados, batom vermelho, unhas devidamente sensuais, caras e bocas. "Vocês estão bêbadas?" Nãaaaaaaaao, imagiiina. Estamos apenas sendo felizes. E fomos. Porque terminar a noite, depois de ter roubado todos os rebolados da Shakira, dentro da caixa de papelão, no MEIO da pista de dança. Chegamos em casa pro café da manhã? NÃO TEM PREÇO!

O que eu poderia contar para os meus filhos se eu não tivesse pleitado meus pais? Sumido durante um dia inteiro dentro de um acampamento só para poder brincar de pique-esconde por mais tempo? Eu era a dona do mundo, senhorinha do meu nariz e muito gente grande! Brincadeiras eram a minha lição de casa. Eu ia casar com o Robin e ser a nova mulher gata! Felizmente, ou infelizmente, eu não tinha a sagacidade dos adultos e não me preocupava se minha mãe estava carregando uma barriga de oito meses. Pirralha da boa, levada da breca, moleca de primeira.

Meus netos não existiriam se eu não soubesse o que era amor. Dentro da sala do cinema, um olhar lânguido e surpreso. Palavras soltas ao pé do ouvido: "Eu te amo". Para mim! As palavras foram minhas, e são minhas, por dois segundos. Só meu, puro egoísmo. O amor do primeiro. Você foi o primeiro, doces lembranças quando digo isso. E não só o amor dele. Amor quando ao sair de casa, minha mãe abre um berreiro de preocupação. Amor quando meu pai, virado do plantão do trabalho, ignora o sono e se senta para conversar comigo no café da manhã. O maior homem que eu conheço. Igual a ele, jamais. Amor quando meu irmão liga de uma viagem, eu atendo e falo que estou com saudade e ele diz, cheio de pré-adolescência: "Fala sério, Renata!". Amor quando vejo o rostinho de muitos e meu maior objetivo é arrancar um sorriso.

O melhor dia era aquele que comemoramos o término do vestibular. Dormimos pela sala! Largadas no chão! Doce na panela, filme no DVD, celulites devidamente engordadas. O melhor dia foi quando chegamos de madrugada e descobrimos que você esqueceu a chave de casa. Pulamos o muro, lembra? Quase estatelei a cara no chão. O melhor dia foi quando eu dei minha chapinha de cabelo! Assumi quem eu verdadeiramente quero ser e mandei um foda-se para estereótipos. O melhor dia foi cantar junto com o Chris Martin e jurar para a minha amiga que a gente VAI no Woodstock brasileiro e iremos cantar junto com o Linkin Park. O melhor dia foram todos os dias de Pedro Segundo.

O melhor dia é aquele que a gente faz. Ou aquele que acontece.

Próximo tema: Grandes heróis.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Viva La Vida

Lágrimas, brigas, lamentos, braços entrelaçados, mas não é amor.
Discussões, traições, pernas entrelaçadas, mas não é paixão.
Tudo junto, um mix de percepções e atitudes inconsequentes.
Tudo faz parte de mim, mesmo que eu não queira.

Como um chocolate, e o que não é amor desaparece.
O desamor some, a solidão vai embora, são atitudes premeditadas.
Kitkat, orgasmos, sauna, futebol.
Sinto as pernas entrelaçadas, e é amor.

Meu mix é bem-vindo, viva la vida no Ipod,
um show na Apoteose, borboletas voando,
um sorvete num fim de tarde, uma mentira gostosa,
e eu me divirto, só isso...

Os flashes disparam diante do movimento, congelando o que parece não parar.
Um sorriso pra minha Nikon, e meu dia está feito.
uma promessa de eternidade, um açaí no bibi.
um céu azul, uma chuvINHA de fim de tarde,
e eu me divirto, só isso...

00 na sexta, maracanã no domingo, churrasco.
uma cerveja no pires, uma declaração de amor,
uma carta da prima, friends, todas as temporadas.
um dia sem tons altos, sem tons pastéis, sem teus tons.
"love of my life, can't you see?" pixado nos muros da cidade.
quem diria... eu me senti melhor.

um livro, um novo capítulo, uma nova amizade,
insônia, conversar até as 5h30 com alguém,
dividir vontades, priorizar você,
ou pernas entrelaçadas mesmo... dormir sorrindo,
nos braços entrelaçados mesmo.

eu queria me divertir, mas vi que pra isso eu só preciso viver :)



PRÓXIMO TEMA: O melhor dia da sua vida.

Strip Club

Acaso ainda não percebestes que tudo isso é um jogo?
Ficas aí, parado, a me olhar com estes olhos de gato,
Querendo dar o bote.

Sinto te dizer, mas não sou tua presa.
Aprecio teu entusiasmo enquanto produzo meu show.
Mas não fique iludido, meu bem.
Também existem outros a serem distraídos.

A noite cai e ninguém percebe.
O ambiente esquenta e continua escuro.
Teus olhos de gato continuam fixos em mim, enquanto danço.
Sim, és um gato que mia, nervoso.

Só que não sou teu rato. Tampouco gato ou cão.
Sou uma leoa.

Próximo tema: O que você faz para se sentir melhor?

terça-feira, 6 de abril de 2010

Uma alternativa

Não consigo visualizar uma sociedade alternativa...
Talvez ela não desse certo. Nós nunca tivemos essa expericência, concordo (e quem vier dizer que os hippies foram um exemplo, eu pergunto se foram mesmo: eles buscavam protesto, rebeldia, fugir da imbecilidade da época, mostrar ao mundo o quanto estão tristes com o rumo que ele tomou. Creio eu, que não houve uma conversa, um concentimento em formar uma sociedade alternativa, mas sim uma identificação para com o semelhante e uma maneira de se ajudar, comunicar, sobreviver no mundo de uma só sociedade. A sociedade alternativa dos hippies começou sem eles saberem e acabou sem eles lutarem pelo contrário), mas eu acho que não daria certo.
Não há como duas sociedades conviverem alternativamente. E se formos parar pra pensar, ja vivemos em sociedades diferentes, uma alternativa à outra: a sociedade japonesa, a brasileira, a africana, a indígena, a americana, com seus costumes, linguas, leis...
Não consigo visualizar uma sociedade alternativa...
Talvez seja melhor pensarmos em uma alternativa para a sociedade.

TEMA: OLHOS DE GATO

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Ahh, o amor...

Sem definições. Explicar o quanto a gente fica bobo? Explicar como tudo passa a ser tão bonito? A felicidade é tão gritante que nada nos tira do sério! São as declarações fervorosas... As vozes calmas, a respiração profunda. São as viagens, as fotos, as diversões. São os abraços calorosos, os beijos deliciosos, o olhar que penetra sua alma. São as noites bem dormidas de conchinha, dois em um. É o sexo quase tântrico. São os presentes. São os sorrisos do outro que te deixam tão feliz. O cafuné gostoso, a massagem relaxante, as músicas que os dois ouvem juntos e se lembram quando estão distantes. É olhar para os outros, e ver que ninguém te preenche tanto quanto a pessoa que você ama. É se sentir totalmente sozinho quando está longe dela. É a preocupação, a falta de egoísmo, é a vontade de querer ver o outro sempre bem, sempre feliz, sempre satisfeito. É a tristeza que nos invade quando as brigas acontecem. É quando a gente vai atrás de quem ama e pede desculpas, porque não agüenta ficar longe. É quando as brigas sempre fortalecem o sentimento puro. É a perseverança, os dois abrindo mão de algumas coisas e planejando sonhos. Lutando pra realizá-los juntos. É a vontade de casar, ter filhos, enfrentar tudo e todos pra nunca se separarem. É publicar e extravasar pro mundo o tamanho da felicidade que não cabe dentro do peito. É se completarem. É o sentimento mais sereno, e perfeito quando recíproco. É o que dá sentido pra vida, que fica sem graça quando o amor não existe por perto... É aquilo que não há ninguém que explique, e ninguém que não entenda.

"O amor não possui regras.
Mas conseqüências:
Respeito, carinho;
Erro, perdão;
Corpos, união;
Almas, conjunto.

O amor não possui língua própria.
Só a minha, a sua e a dos outros.
É universal no raro momento em que
estamos sozinhos um para o outro.
Dizendo amor.
Querendo amor.
Fazendo amor...

O amor não recrimina. As pessoas, sim.
O amor não separa. As pessoas, sim.
O amor espera. As pessoas, não.
O amor não cabe em palavras.
Mas conhece o código e a chave dos corações.

Inunda, alastra, contamina. O amor alucina.
Talvez seja esta a nossa sina.
Pelo visto, nada sei do amor.
Mas desconfio de que ele saiba quem somos."


PRÓXIMO TEMA: Sociedade Alternativa

Insuficiência Cardíaca

A boca esconde palavras que o peito teme em dizer
Minha falta de atividade cardíaca me impede de compreender
Então, ouso apenas observar
As mãos, os olhos, os beijos

Começo a respirar ofegante, como se não pudesse ver
Só de olhar, fere
Sinto doer o que resta de tudo aquilo que um dia tive

Me amarga a boca, me aperta o estômago
E nem me lembro porque

Sinto perto um outro coração bater
Tão cheio de vida, não é o meu
Ele pulsa, vibrante
Me inveja

Minha doença incurável, irremediável
Me privou de viver o que todos buscam
Me ensinou a ver beleza na tristeza

É difícil me reconhecer
Nessa insuficiência, nesse medo dele parar de novo
E eu, muito provavelmente, morrer

Alio-me a minha boca que beija e não sente
E canta e escondendo os mais puros versos
Que meu coração ainda teima em criar

Volto a assistir o mundo amante
Esperando algum dia achar a minha cura



Próximo tema: Sociedade Alternativa