sábado, 10 de abril de 2010

Palavras apaixonadas

Ahhhhh, o melhor dia.
Ou poderia dizer, os melhores dias!

Não consigo imaginar um único dia que possa ser considerado o melhor em essência. Sendo sincera, até consigo. Mas a fluidez dos meus dias implora pelos momentos mais ávidos de vontade!

Como por exemplo, o que seria de mim sem ter acordado às seis horas da manhã, durante uma viagem, com as melhores amigas que eu não pedi, simplesmenta ganhei de presente. Para fazer o que mesmo? Fazer uma visita à SUPER HIPER MEGA cachoeira do hotel. Não estava frio, estava congelante! Tínhamos chinelinhos nos pés, micro biquinis (TODAS se querendo pros meninos ao lado) e um sorriso no rosto. Que ideia ridícula e estúpida! Mas nenhum som era mais alto do que o das nossas risadas. E nada foi mais engraçado do que descobrir que a "cachoeira" era uma poça. Vale falar da lama?

Qual sentido eu daria à vida se não tivesse virado a noite dançando igual à Beyoncé. Cidade pequena. Amigas felizes. Embriagadíssimas de vinho. Trocando os pés, literalmente. Se estivéssemos no Rio, teríamos sido corajosas o suficiente para andar a cidade inteira fantasiadas do jeito que estávamos? (Créditos ao vinho, por favor.) Inúmeros 'fiu-fius' lançados, batom vermelho, unhas devidamente sensuais, caras e bocas. "Vocês estão bêbadas?" Nãaaaaaaaao, imagiiina. Estamos apenas sendo felizes. E fomos. Porque terminar a noite, depois de ter roubado todos os rebolados da Shakira, dentro da caixa de papelão, no MEIO da pista de dança. Chegamos em casa pro café da manhã? NÃO TEM PREÇO!

O que eu poderia contar para os meus filhos se eu não tivesse pleitado meus pais? Sumido durante um dia inteiro dentro de um acampamento só para poder brincar de pique-esconde por mais tempo? Eu era a dona do mundo, senhorinha do meu nariz e muito gente grande! Brincadeiras eram a minha lição de casa. Eu ia casar com o Robin e ser a nova mulher gata! Felizmente, ou infelizmente, eu não tinha a sagacidade dos adultos e não me preocupava se minha mãe estava carregando uma barriga de oito meses. Pirralha da boa, levada da breca, moleca de primeira.

Meus netos não existiriam se eu não soubesse o que era amor. Dentro da sala do cinema, um olhar lânguido e surpreso. Palavras soltas ao pé do ouvido: "Eu te amo". Para mim! As palavras foram minhas, e são minhas, por dois segundos. Só meu, puro egoísmo. O amor do primeiro. Você foi o primeiro, doces lembranças quando digo isso. E não só o amor dele. Amor quando ao sair de casa, minha mãe abre um berreiro de preocupação. Amor quando meu pai, virado do plantão do trabalho, ignora o sono e se senta para conversar comigo no café da manhã. O maior homem que eu conheço. Igual a ele, jamais. Amor quando meu irmão liga de uma viagem, eu atendo e falo que estou com saudade e ele diz, cheio de pré-adolescência: "Fala sério, Renata!". Amor quando vejo o rostinho de muitos e meu maior objetivo é arrancar um sorriso.

O melhor dia era aquele que comemoramos o término do vestibular. Dormimos pela sala! Largadas no chão! Doce na panela, filme no DVD, celulites devidamente engordadas. O melhor dia foi quando chegamos de madrugada e descobrimos que você esqueceu a chave de casa. Pulamos o muro, lembra? Quase estatelei a cara no chão. O melhor dia foi quando eu dei minha chapinha de cabelo! Assumi quem eu verdadeiramente quero ser e mandei um foda-se para estereótipos. O melhor dia foi cantar junto com o Chris Martin e jurar para a minha amiga que a gente VAI no Woodstock brasileiro e iremos cantar junto com o Linkin Park. O melhor dia foram todos os dias de Pedro Segundo.

O melhor dia é aquele que a gente faz. Ou aquele que acontece.

Próximo tema: Grandes heróis.

3 comentários:

Carolina Bastos disse...

eu esperava um dia só, você mostrou uma vida inteira. amei! :)

Renata Fontanetto. disse...

fragmentos de uma vida :)

Karina disse...

RE, que texto lindo! amei!!! você escreve muuuuuuuito bem!