sábado, 25 de outubro de 2008

HOMOFOBIA

Pois bem, é sempre bom lembrar – as próximas linhas são apenas a minha opinião, passível (não passivo... Sem piadinhas com o tema) de transformação e prontas para represálias. Ainda mais porque, diferentemente de pessoas sérias – as quais admiro –, o que escrevo é totalmente cara de ensaio, sem construções complexas ou ajuda de intelectuais. E é só um ponto de vista, um dos vários jeitos que posso ter para ver a coisa.

Prolixidades à parte, vamos à homofobia. Na boa, qual o sentido em sermos agressivos contra os homos? Desde os primórdios sempre houve aqueles que gostavam de se atracar com seus semelhantes – fisiologicamente falando, capiche, né? E aqui estou a falar de animais “irracionais”, primatas peludões cheirando a sexo, a merda e a secreção por mordida de carrapatos. É a coisa mais natural do mundo. Mais tarde tivemos a cultura clássica, fonte de inspiração de tantos movimentos durante a História. Pois é. Aquela história de corpo são, mente sã... Atletas musculosos e adultos como mentores de esbeltos garotinhos... E tudo isso era parte da rotina. Eles não precisavam de parada gay (voltarei a este assunto logo, logo). E o que falar sobre a Igreja? Pelo amor de Deus - Deus não, amor dos padres, pedófilos ou não. Sempre rolou uma putaria nos bastidores, e forte. Pior: concomitantemente ao crescimento da influência da religião na vida do homem, os atos homossexuais foram sendo rebaixados a uma posição pecaminosa, já que era uma expressão da liberdade do desejo sexual.

Então chegamos ao maravilhoso “mundo novo”, da tecnologia e dos relógios digitais, que tornaram o homem tão poderoso (só quem leu Douglas Adams vai entender essa parte). Edgar Morin, um dos críticos da cultura de massa, é um cara que frisa bem a segunda porrada que os homos de todo o mundo receberam: a chegada do gossip artístico e a influência cinematográfica. Quando é que a mídia vai motivar atos homossexuais, já que o mundo se mostra tão velado por essa máscara religiosa? E nisso os homossexuais foram sendo cada vez mais marginalizados. Hoje temos essa questão do preconceito como crime e tudo o mais, uma ode à liberdade sexual. É o único ponto que para mim destoa. Por que não sermos racionais e deixarmos cada um seguir com sua vida, sem alardes? Sem paradas gays também, que mais me parecem freak-fake shows, cheias de heteros querendo aparecer e senhoras mostrando aos seus netinhos como são estranhos e engraçados aqueles “personagens de Carnaval”. Isso deturpa totalmente o sentido da opção sexual, que passa a ser encarada como uma fantasia que vestimos quando queremos fugir da realidade. Mas cada um com sua opinião – sou a favor do CADA UM QUE DÊ O DESTINO QUE ACHE MELHOR AO SEU PRÓPRIO LOMBO E QUE NINGUÉM SE META NISSO; ou se meta, mas aí já é outro sentido da coisa.

Acho que escrevi demais, mas era isso basicamente: se o homossexualismo é tão antigo como o homem, por que sermos ofensivos contra lésbicas e gays (porque os termos viado e bicha referem-se, para mim, a atitudes frescas, nada relacionadas à sexualidade, e por isso vou continuar chamando pessoas de viadinhos). Agora um pouco de publicidade – a posição em que jogo. Quanto mais homossexuais no mundo, principalmente do sexo masculino, melhor. Vivemos numa sociedade machista – e muito. Pode perguntar isso para qualquer um, até para o Roberto DaMatta. O homem homossexual é uma benção para as vendas: renda de homem, ímpeto consumista de mulher. Eles fazem quartos com casinha de boneca dentro de casa (caso verídico), gastam rios de dinheiro com coisas que para mim são estúpidas. Deus abençoe os homos, ainda mais em tempos de crise econômica.

Ah, e o mundo sempre foi gay. “Sorte minha que sobra mais mulher”.

Próximo Tema: Crianças Prodígio na TV (primeira coisa em que pensei)

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Um estudo de Causa e Efeito (2)

"O fracasso da polícia é dos políticos"


JOSÉ PADILHA
e RODRIGO PIMENTEL

"NÃO SÃO apenas as ocorrências mal administradas, cheias de erros primários e ilegalidades que demonstram a necessidade de uma reforma da segurança pública no Brasil. Os dados indicam essa necessidade faz tempo. E os nossos políticos, apesar de conhecerem os dados, têm se mostrado incapazes de realizar tal reforma. São eles, no final das contas, os principais responsáveis pela repetição cotidiana de tragédias como a ocorrida no evento do ônibus 174 e do seqüestro em Santo André.

Em conversa informal com agentes do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais), descobrimos que eles estão desolados com o desfecho da ocorrência, que custou a vida de uma pessoa e feriu outra, e revoltados com os políticos, devido ao descaso que têm com a unidade, exposta ao ridículo com o fracasso da operação.

Afinal, se o Gate dispusesse do equipamento necessário para administrar uma ocorrência desse tipo, como uma microcâmera de fibra ótica, saberia que o seqüestrador tinha encostado um armário de TV e uma estante na porta de entrada do apartamento. Saberia que seqüestrador e reféns não estavam na sala, mas no quarto. Saberia que uma invasão pela porta da frente daria tempo para o seqüestrador atirar nas reféns. Mas o Gate não sabia de nada disso e perdeu preciosos segundos abrindo a porta.

Se o Gate dispusesse de escada com alcance para que um policial pudesse entrar no apartamento pela janela, poderia ter evitado a tragédia. Mas a escada do Gate, como atestam as filmagens, era curta demais. Se os policiais do Gate fossem bem treinados, não teriam deixado que uma menina de 15 anos, libertada pelo seqüestrador, voltasse a ser prisioneira. Não teriam demonstrado tamanha incompetência e desconhecimento legal. Mas os policiais do Gate, como os do Bope e do resto do país, não recebem treinamento adequado.

Quando trabalhamos no documentário "Ônibus 174", sentimos a mesma revolta por parte dos policiais do Bope, que, em sua maioria, odeiam os políticos a quem servem. André Batista, colaborador em "Tropa de Elite" e negociador do Bope na malfadada ocorrência, deu o seguinte depoimento para o documentário: "Naquele momento, a gente viu que faltava muita coisa. As coisas que a gente vivia pedindo, os equipamentos, os cursos, parece que, naquele momento, tudo desabou." Ouvimos, virtualmente, a mesma coisa do Gate.

Chegamos, assim, a uma conclusão absurda. Concluímos, parafraseando Nietzsche, que é preciso defender os nossos policiais dos nossos políticos! Afinal, quem são os nossos policiais? E o que o Estado, administrado pelos políticos eleitos, fornece a eles?"

[Retirado do Blog do Tas]
[Veja o artigo completo (assinantes da Folha ou do UOL)]

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Um estudo de Causa e Efeito

Antes de nada, já hei de adiantar que quem acompanhar o post em que escrevo terá que ater-se a ele do início ao fim. Portanto, começarei com o post mais demorado do blog até então (me refiro ao tempo).

Antes de começar a escrever sobre o tema proposto, necessito que assistam (novamente ou não) a entrevista do Capitão Pimentel, realizada em 1997, para o documentário "Notícias de uma guerra particular" (Direção: João Moreira Salles / Kátia Lund).

Vídeo 1:


Vídeo 2 (continuação):


Vocês acabaram de assistir a entrevista do "verdadeiro" Capitão Nascimento.

Bom, já posso começar com um trecho proferido por ele: "O único segmento do poder do Estado que vai ao morro é a polícia. Precisava os outros segmentos do Estado também se fazerem presentes no morro, né? Educação, Saúde... Só a polícia não resolve." (sic)

Particularmente, a entrevista poderia acabar aí. O que é uma polícia bem formada? A que tem as melhores táticas, armamentos e contingente? Porque se for por aí nós temos a melhor polícia do mundo!

Erra- castiga, erra-reprime, erra-denigre, erra-expulsa, erra-mata. Eu também erro Beltrame! A diferença é que eu pago seu salário, não é?! Onde está a inclusão de escolas de nível internacional, o acompanhamento psicológico, a inserção de cursos técnicos decentes gratuitos, saneamento básico, incentivo ao pequeno empreendedor, o aumento do salário dos professores (que tanto penam para manter esse país minimamente digno), hospitais/centro ambulatoriais/postos de saúde, dentre outras coisas essenciais para um povo se formar com dignidade, honestidade, cultura e educação? Hein, Dr. Sérgio Cabral?

A gente quer o melhor. Sérgio Cabralll.. Pra ficar legal. É!

Não esqueço essa música. Me recordo em flashes, eu andando pela Tijuca, onde meus pais votam até hoje, cantando essa músiquinha bem elaborada para eleger o Deputado Estadual Sérgio Cabral.

Ah, se ele soubesse que na Suécia, se por algum acaso, uma velhinha estivesse cabisbaixa em um banco de uma praça, o Governo, através de cooperação da população, mandaria uma funcionária (psicóloga) somente para averiguar os possíveis problemas da 'pobre' velhinha.

Gente, quem dera que isso fosse conto de fadas, mas acontece. Alguém, ou todos, deve ter pensado: UTOPIA.

-> ACABAMOS DE INJETAR MAIS DE 3 BILHÕES NA NOSSA ECONOMIA
-> TEMOS UMA DAS MAIS ALTAS CARGAS TRIBUTÁRIAS DO MUNDO
-> O PODER DE COMPRA DA CLASSE C e D AUMENTARAM SIGNIFICAMENTE

Eu não sou nenhum especialista. Mas, por favor, alguém me diz que esses três míseros fatores não têm a ver com o que eu falei? É oportunidade! É raciocínio lógico! Em vez de tentar acabar com o EFEITO (leia-se desordem, tráfico, violência, calamidades, etc), por que não vamos direto na CAUSA (leia-se falta de apoio educacional, psicológico, de saúde e estrutural-geral)???

Adoramos tanto esse círculo vicioso que até desconfio que as carreras de pó estão ultrapassadas...

Alguém quer um teco?



Próximo tema: Homofobia

Impunidade no Brasil


"IMPUNIDADE significa falta de castigo. Do ponto de vista estritamente jurídico, impunidade é a não aplicação de determinada pena criminal a determinado caso concreto. A lei prevê para cada delito uma punição e quando o infrator não é alcançado por ela o crime permanece impune. Do ponto de vista político, o significado é mais amplo. Fala-se em impunidade não apenas quando se verifica a incapacidade ou a falta de disposição de o Estado fazer prevalecer a punição estabelecida, mas também quando a própria lei e/ou o magistrado que a aplica são considerados benevolentes para com determinado ato criminoso." (Estud. av. vol.18 no.51 São Paulo May/Aug. 2004)

Sobre isso, não é preciso escrever muito. Não é preciso entrar em detalhes sobre como tudo começou ou quem começou. O fato é que a impunidade existe e é presente todos os dias, todas as horas, a cada instante, em qualquer parte deste mundo.

Quando o assunto é impunidade, enxergamos por uma visão mais política. Até porque, é mais fácil assim, já que assistimos todos os dias na TV e lemos nas revistas e jornais crimes absurdos que acontecem em nosso país. Crimes estes em que nem sempre (leia-se: raramente) os criminosos pagam por tempo suficiente.

Suzane Louise von Richthofen é uma boa prova disso. Após 3 anos do assassinato de seus pais em 2002, foi solta para responder processo em liberdade... Depois foi vista em Ubatuba (fev/2006) aproveitando as férias... Foi presa novamente em abril de 2006 por representar ameaça ao irmão (e onde entra o assassinato dos pais, ocorrido 4 anos antes?)... Pouco mais de um mês após, o STJ decretou a soltura da ré confessa para que ela aguardasse o julgamento em prisão domiciliar... E assim está sendo, entre idas e vindas.

Além do caso Richthofen, muitos outros foram mal resolvidos ou nem chegaram a ser. Nelson Oliveira dos Santos, um dos condenados pela Chacina da Candelária foi absolvido pelas mortes mesmo após ter confessado o crime, e só em 2000, depois do Ministério ter recorrido, é que ele foi condenado a uma pena de 45 anos; sendo que outros dois envolvidos na chacina não sofreram pena alguma. O turco que tentou matar João Paulo II foi liberto muito antes do tempo previsto. O menor de idade envolvido na morte do menino João Hélio (fev/07) recebeu apenas 3 anos de reclusão em uma instituição de jovens infratores, e os demais envolvidos, apesar de terem sido condenados a penas de 39 a 45 anos de prisão, não excederão o tempo máximo de 30 anos –isso porque obviamente sabemos que bem antes já estarão soltos.
.
E assim continua a (in)justiça brasileira. Como já disse o deputado Antônio Carlos Biscaia, 'o Brasil não é diferente na criminalidade, mas sim na impunidade'. Assassinos confessos são condenados a penas de 20 a 25 anos e soltos após cumprir um terço, ou seja 7 a 8 anos. Somos realmente o país da impunidade. Há muitos casos graves conhecidos e desconhecidos que não passaram sequer da fase de inquérito.
.
A impunidade gera descrédito na instituição da justiça e estimula a violência que ameaça a todos nós. Ninguém quer vingança, apenas garantir que a justiça seja cumprida com rigor, não mais permitindo que a benevolência das leis continue a pulverizar as sentenças dadas pelos juízes e a alimentar a mentalidade de que o crime compensa.
.
"O esquecimento é o adubo que nutre a impunidade." (Wesley E. Hayas) / "O maior estímulo para cometer faltas é a esperança de impunidade." (Cícero)
.
.
PRÓXIMO TEMA: Formação Policial -Ações mal sucedidas por parte dos policiais militares no desempenho de suas missões.

domingo, 19 de outubro de 2008

Vontades

Quando me convidaram para escrever nesse blog, pensei: Hoje não estou com nenhuma vontade de escrever. Por coincidência, o tema era justamente “vontades”. Num domingo frio de chuva, o que não falta é vontade de se enrolar no edredom e passar o dia inteiro na cama vendo televisão.

Às vezes temos tantas vontades ao mesmo tempo, que não conseguimos organizá-las de uma forma com que se realizem. Outras vezes não temos vontade de nada. Na verdade, a vontade existe. O que falta é a força de vontade. Dá vontade de jogar tudo para o alto, de voltar no tempo ou de fazer com que ele passe mais rápido. São tantas as vontades... nem todas possíveis. Acho que às vezes a gente sente vontade de não sentir vontade!

É impossível no meio desse tema não comentar sobre o seqüestro das estudantes em Santo André, que acabou (mais uma vez) em tragédia. Infelizmente já era de se esperar. O seqüestrador, que sentia um ciúme doentio da ex-namorada, de 15 anos, simplesmente teve vontade de seqüestrar a menina. E depois de matá-la. Tudo premeditado, por mais que tentem dizer que não.

Imagine se agíssemos somente seguindo nossas vontades... O homem iria voltar a seguir seus instintos animais. Não é difícil imaginar, vemos isso todos os dias. Cada vez mais parece que estamos voltando para a idade da pedra. Depois ainda dizem que somos evoluídos...

Próximo tema: Impunidade

sábado, 18 de outubro de 2008

A imprensa é fútil


Quando surgiu o tema "futilidade", pensei em escrever sobre Rolling Stones. Porque ando numa fase bastante Mick Jagger & Keith Richards, especialmente no álbum de 1969, Let it bleed. E sobre como certas coisas se mantém verdadeiras mesmo com a passagem do tempo, enquanto outras, apesar de parecerem reais, são, na verdade, fúteis.

Mas eis que esse seqüestro invadiu a minha tarde.

Não, não estou preocupada com o estado de saúde de Eloá. Mentira. Estou sim, por dever cívico e moral. Estou mais irritada - muito irritada. Quem disparou aqueles tiros foi o namorado desequilibrado, sim. Com a participação de muita gente de crachá no peito.

Assino formulário que esse garoto não teria disparado nenhum tiro se a imprensa não estivesse fazendo essa cobertura ridícula e absurda, muitas vezes em tempo real, como a que assisti hoje. Um repórter narrando para uma âncora despreparada acontecimentos como: "Três pessoas estão saindo. Não. São duas. Três. Opa, são TRÊS! Não são eles.. Ou são? Opa, um estouro! Não é um tiro, calma, âncora! Não se desespere! Foi apenas uma bomba de efeito moral".

Jornalistas apuram. Jornalistas investigam. Jornalistas contam os fatos da maneira mais satisfatória à sociedade, de uma maneira que os indivíduos façam o melhor uso dessa informação (o que não é a mesma coisa que ser isento, capisce?). Entrevistar seqüestrador não é papel da imprensa. Perguntar quais os planos do seqüestrador após entregar as reféns é gozar da cara da polícia brasileira. E da minha também.

Não tiro a força do desequilíbrio emocional desse garoto - mas ele deveria ser tratado clinicamente, não transformado como atração especial do circo TVNews. 24 horas por dia, especialmente para você, no conforto da sua casa - que é para não respingar sangue. Essa mídia não está interessada se Eloá está bem ou com dores. Se o pai de Eloá é cardíaco ou não. Se esse perturbado tem família. Eles querem sangue. Eles querem fogo. Eles querem BUM! E o que acender o pavio mais rápido ganha o jogo.

Foi assim com o circo do 174, do João Roberto, da Isabella Nardoni. Será assim com Eloá. As instituições brasileiras estão deterioradas de tal modo que o jornalista faz papel de polícia, e a polícia de figurante em um espetáculo dirigido pelo espectador, obviamente. Aquele que detém o poder de fade, o poder de desligar o canal. Quando não desliga, o espetáculo continua. Mais pão! Mais circo!

De acordo com a Wikipedia, "futilidade se refere à falta de valor, sem importância, vulgar, banal, sem sentido, sem nexo, sem noção, vazio". A imprensa é vazia. A imprensa é fútil.


Próximo tema
: Vontades.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Um foco desfocado

Lula era um personagem cercado de uma atmosfera pró-esperança, nas eleições presidenciais de 2002. A atmosfera que Gabeira criou é um pouco parecida. Uma onda de esperança e afastar de vez o mal dos grandes oportunistas e salafrários da cidade.

Sou de Niterói, mas de segunda à sexta piso em solos cariocas, além de permanecer por lá quase o dia inteiro. As vezes durmo por lá e acordo com a brisa fresca carregada de fragâncias, que só a primavera pode oferecer, e o sol energizando meu corpo para um dia com muito bom humor e bem-estar.

Assim eu vejo o clima pró-Gabeira. Um intelectual de Zona Sul. Um cara sem papas na língua. Tudo muito bom, tudo muito pra cima. Ele não foi torneiro mecânico. Mas também não governa um país. Lula restaurou a prática de greve em largas escalas em plena ditadura militar. Mas também não seqüestrou o embaixador estadunidense Charles Elbrick em plena ditadura militar.

Agora vem a pergunta do leitor (você): Por que comparar Gabeira com Lula? - é de se pensar. A inquietude do esperançoso, do diferente, da mudança e da prosperidade agitam essa grande onda eleitoral. Posso nomeá-la como "Tsunameleitoral".

Na Tsunami a massa de água localizada sobre a zona deformada vai ser afastada da sua posição de equilíbrio. Ou seja, a praia recua para depois a massa de água voltar em forma de Tsunami. O recuo da água posso comparar com a esperança e o descontentamento da política vigente e a onda de Tsunami como a força da sociedade de colocar alguém que ache mais adequado.

Meu medo é de ter essa esperança novamente corrompida. Aquela história de "já vi esse filme antes" está começando a aparecer. Logo verei a Zona Sul mais Zona Sul que antes e a Zona Norte mais Zona Norte que antes. Tudo tem seu lado bom e o seu lado ruim.

Lula carregou aquele ímpeto de nascer no coração do sertão, um brasileiro que sentiu na pele o que é não ter o que comer no dia e jogar fora o Fome Zero, assim como seu simbólico dedo decepado numa prensa hidráulica. Gabeira carrega o ímpeto de seu passado comunista e revolucionário com aquele olhar 43 (sem trocadilhos) de intelectual nenhum botar defeito, sem falar na discussão da regulamentação da maconha, seu 'armário' que carrega nas costas.

Não conotei certo ou errado. Que fique bem claro.

Engraçado, sabe o que é? Não sei se alguém notou. Mas não citei o nome 'Eduardo Paes'. Mas podem ficar tranquilos que não cito quem não merece ser citado.

Paes, recolha-se a sua insignificância! - como já diria o nosso querido do Sertão, 'Morte e Vida' Severino Cavalcanti.



Próximo Tema: Futilidade

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Morrer, que me importa?


Essa dicussão sobre a morte, como tudo na vida, é um muito relativa. Não só quanto ao que acontece depois dela mas também como ela é encarada pelas diferentes culturas. Aqui no Brasil nós temos uma visão muito negativa desse fato tão natural. Não entendo por que encarar como tragédia algo que acontece com todo ser humano, planta, microorganismo e bichinho de estimação.

Só pra dar uma noção de que nem em todo lugar é tão sério assim morrer, vou contar uma história. Tenho uma tia que já morou na África daí ela me contou que um dia ela recebeu um convite, parecido com um de casamento, quando ela abriu viu que era o convite para um enterro. Então, nenhum absurdo até aqui, só que a pessoa que seria enterrada naquela semana tinha morrido na verdade um ano antes da data do enterro. A família tinha esperado tanto tempo pra conseguir juntar dinheiro pra festa. Sim, uma festa para o enterro e das grandes.

Pode parecer estranho pra gente, mas pra eles a morte é realmente um motivo de comemoração. Existem outras culturas que encaram a morte assim, que a meu ver é uma forma bem mais saudável de ver o fim da vida a que estamos acostumados.

Outro ponto é o que acontece depois. Todo mundo acredita em uma coisa diferente, pode ser que a gente reencarne, pode ser que vivamos pra sempre em cima das nuvens com os anjinhos (ou não) e pode ser que nossas células só se espalhem pelo mundo e virem árvores, flores e animaizinhos. Mas o negócio é que ninguém sabe mesmo com toda a certeza pra onde vai, e isso dá um puta medo porque o desconhecido dá medo mesmo, é normal. Só que nem todo mundo vê que isso tudo é muito necessário, porque imagina que chatice viver pra sempre nesse mundo sendo sempre a mesma pessoa, ainda bem que imortalidade num existe! Vendo por esse ângulo, é até legal ter que morrer.

No fim das contas o que mais importa disso tudo é que a única certeza que temos na vida, é a morte. Irônico não?
Pra terminar vou pegar uma frase emprestada do Mário Quintana:
"Morrer, que me importa? O diabo é deixar de viver."




Próximo tema: eleições 2008