segunda-feira, 26 de abril de 2010

Desabafo Construtivo

Cheguei lá, você me esperava encostado na porta, apoiado num pé só como um saci, mas não era um folclore... você esperava também de braços cruzados, impaciente, inconsequente, mas eu não sabia o porquê. A sua impaciência deixou a energia negativa entrar dentro de mim, e meu sorriso desapareceu no meio da sua intolerância... você não perdoou meus erros e ficou ressentido por eu ter te amado demais. Você não pensou na hora de pisar nas minhas feridas e me amar menos do que eu merecia, não pensou que eu te tratava como prioridade, e você me tratava como opção... você não pensou em nada, porque você não pensa.
Eu sabia que era mais uma vez que minha fraqueza apareceria diante do nosso falso amor: eu sabia que você acariaria meus cabelos, como quem não fez nada, como quem quer esquecer que fez alguma coisa... você tocaria meus lábios, lembraria nossos apelidos, me jogaria na cama e o resto é detalhe... eu sabia que mais uma vez escorreriam lágrimas dos meus olhos quando eu estivesse nua ao seu lado, por saber que fui novamente vencida pela minha fraqueza... eu sabia, mas deixei tudo acontecer.
Prometi pra mim mesma que seria a ultima vez vendo você parado a porta de braços cruzados, porque eu não deixaria mais você esperando pelo meu retorno, eu não ia mais voltar, eu não queria mais ficar entre as grades, sem conseguir enxergar alem delas por falta de luz... eu não queria sentir mais seu lençol da semana passada, sua calça jogada no chão, seus vícios, suas palavras, eu não queria mais sentir sua pele encostada na minha, e por isso comecei a sentir nojo de mim, nojo da minha fraqueza, da MINHA inconsequencia... da minha culpa, não da sua... comecei a sentir nojo de mim...
Prometi mesmo que seria a ultima vez, porque ainda existia dentro de mim um amor proprio maior do que por você, indiscutivelmente maior, por incrivel que pareça... Eu sabia que sofreria com a tua ausência, sabia que sentiria saudade das brincadeiras, dos apelidos, de estar chorando nua ao teu lado, de você secar minhas lágrimas com suas mãos encaixadas nas minhas... eu sabia que não haveria ninguém como você... mas eu não poderia permitir continuar na fragilidade eterna do medo de assumir que não preciso mais de você.
Eu não preciso mais de você, na verdade, nunca precisei.
Você foi só mais um motivo pra eu dizer que alguém é a minha metade, pra tentar completar o vazio que a vida por si só conseguiu cavar em mim, mas percebi que só eu mesma sou capaz de me completar, eu sou metade da minha laranja...
FODA-SE, eu cansei de ver você me esperando na porta,
eu cansei de esperar por você na vida,
eu cansei da vida com você.


PRÓXIMO TEMA: ALCOOLISMO

Um comentário:

Gabriel Zambrone disse...

Um foda-se triste. Você se fudeu. Agora ele também. Chega a ser uma tragédia-cômica. A gastura que se criou, agora é a gostusura que se procura.