domingo, 27 de junho de 2010

you are the winner

Como em réquem para um sonho sinto meus dentes trincando frente à tv. Sinto meus vícios: olhar, apreciar, comer, degustar, e nada além do que deitar na cama e entrar na onda das minhas ilusões... mas as cores infinitas em minha frente não compensam o barulho do trincar... Resolvo passar uma borracha pra apagar a minha dor, mas estava tudo escrito a caneta: eu não podia mudar o que já estava escrito... tento então virar o rosto, mas uma força muito estranha e proveniente de lugar nenhum puxa meu pescoço para o lado contrário, e ele fica rígido, e simplesmete imóvel - não consigo mexer, não consigo controlar meus impulsos, meu corpo não é mais meu. Pra substituir a sensação insana da minha mente, começo a esticar minhas pernas, pra fazer desapaecer a câimbra inexistente nelas, mas persistentes em meus neurônios... estranho. Meus pensamentos se confudem. Vou intercalando com o consumo das ilícitas, agora correndo em meu sangue e criando um tesão pelas imagens criadas pela minha propria criatividades. A parede se comprime num tamanho que caberia na palma da minha mão, e eu virei alice num mundo não tão maravilhoso. Fiquei com um vestido azul num campo verde com flores roxas, sem cogumelos e anões, mas gigantes olhando lá de cima pra mim, como se eu fosse insignificante nessa vida, mas devo ser. Meus dentes continuaram trincando e eu tinha esquecido do meu vício - havia o substituido pela dor incessante da minha câimbra mental. As paredes alargaram, mas escureceram, de brancas passaram a ser cinzentas, grafites, o grafite que não havia na minha caneta.... eu não conseguia apagar as paredes, nem trocar de vestido, nem pular na grama. Então a câimbra possuia minhas pernas imóveis, meus pescoço rígido e minha mente perturbada... eu estava câimbreada... voltei a escutar o som estridente da televisão, consumindo meus ouvidos, rasgando meus tímpanos, até arranhar minha garganta... de repente eu só escutava um fino e infinito barulho, irritante como uma criança puxando sua blusa e pedindo por um brinquedo. Irritante, o som era contínuo... puxei meus cabelos, meu vestido azul, peguei uma flor roxa e botei nos meus cabelos puxados... eles saíram da minha cabeça e foram andando até a televisão - representação tecnologica em meio a disputas florais. A tv desligou sozinha, meu cabelo voltou a minha cabeça, mas o som continuou estridente, fazendo minha mente cãimbreada se apagar e entrar em um sono profundo, procurando por um sonho que nunca existiu... tudo por culpa das ilícitas.

Eu acordei, e de repente me vi sentada, na minha cama, em frente a tv, em casa, sã. Sem saber se tudo aquilo tinha realmente acontecido ou foi tudo fruto da minha imaginação... eu me perdi, e começou tudo de novo.


PRÓXIMO TEMA: O TEMPO.

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