sábado, 18 de abril de 2009

Com Unidade

Diferentemente iguais. Sorrisos endiabrados, como dizem os autores cotidianos: moleques. A levada que se finca em uma encruzilhada mais complexa que a demarcação de uma fronteira política delineada por rios. A levada que eles têm são finamente apuradas. Os desafios contantemente provocadores, o ar contestado de paradoxos vindos de dentro e, principalmente, de fora os fazem crer que é um lugar pra se viver de verdade. Onde o ser humano encontra seu lixo e a sua beleza. Assim, bem explícito. 'Somos uma terra de ninguém liderada por poucos e por muitos, por nós mesmos'. É um corpo humano, é a complexibilidade de um emaranhado de teias que, mesmo não sendo lineares e fugazes que nem de uma aranha, chegam à um lugar próximo, senão distante do mesmo fim. O sangue que sai diante de algumas balas perdidas na imensidão do sítio transforma o lugar como um inferno de picadas de abelhas, onde um repelente é muito mais do que necessário para se manter vivo. Bizarro? Não vejo este sentimento desde os tempos em que sentava em frente ao grande e a figura mais influenciadora da cultura americana na televisão: MacGaiver. Ele se destacava pelas astúcia de sair dos lugares com um pensamento simples, como um chiclete e uma caneta. Na favela, comunidade, ou qualquer coisa que a chamam, há milhares de MacGaivers, um pouco menos maquiados, porém, igualmente corajosos de driblar as inconstâncias paradoxais e viver intensamente, na dor, coragem e libido extremamente postos em seu meio social-local.

Eles têm um amigo, um falso-amigo, que finge estender a mão para ele e, no final, o interesse é tão óbvio que parece ter algum senso de credibilidade. Faço um trabalho social em uma favela (foto), não distante de minhas indagações, acredito que ajudar a mudar de algumas pessoas não salvam uma comunidade, que dirá o mundo. O mundo gira em torno de perdedores e ganhadores. A mente humana não permite tamanha bondade. A bondade extrema é para poucos. Hipocrisia é uma palavra divina e que se encaixa perfeitamente neste âmbito. Somos capazes de destruir as nossas vidas, porque não faríamos com as de outrém? O Estado junto com a "sociedade" contribui para isso. A recente reviravolta que aconteceu na Tailândia diz o contrário. Qual o motivo? O amigo explicitou o seu mau-caratismo. Porque não acontece aqui? Porque amanhã eu vou poder comer meu caviar no jantar e continuar a ver estes pobres sorrisos no Jornal Nacional.

*fotos: Gabriel Zambrone

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