quarta-feira, 21 de abril de 2010

enclausuramento involuntário

Enclausurado num quarto sem saída
Num momento sem nexo
Num mundo previsto
Preso no vazio de um balanço imaginário
de uma vida sem fantasias
de uma linha uniforme e eterna, sem bifurcações

Procuro uma lâmpada, vela, isqueiro
procuro por uma porta mais clara, um ar mais fresco,
pois estou preso
estou preso na eternidade de uma rotina sem fim
sufocando-me aos poucos na tua vida sem mim
sem querer pisando nos seus calos
nas suas feridas causadas no ontem
na sua indignação perante a minha felicidade

Inveje-me, mas não tente destruir todo o passado
não tente tirar o que foi teu, o que é meu
não tem mais 'nosso', um mundo preto e branco
até que eu gosto disso.

Mas o sufoco continua, tirando meu ar
meu sorriso, meu embalo da alma, minha vontade de viver
pra que a infelicidade se tenho você?
tirando meu prazer, você me trancou nesta merda,
entre quatro paredes
escuras.
nesta merda sem janelas, sem portas, nem varanda.

queria eu meus azulejos beges escuros, encostados no rodapé da minha varanda, com o vidro transparente e rede a prova de crianças inconsequentes (ou adultos suicidas).
queria eu esta varanda, pra sentir o ar que você não me deixa respirar.


PRÓXIMO TEMA: DESILUSÃO

2 comentários:

Gabriel Zambrone disse...

Arruma tua mala, desce pra praia, faz da tua sala, faça que o valha, respire e corte suas desilusões com navalha. Fina. (ótimo texto sufocannnnte)

Renata Fontanetto. disse...

concordíssimo(sic) com o gabriel(mto estranho chamá-lo de gabriel O.O): a vivacidade do seu texto é tão marcante que eu senti tudo o que você escreveu, principalmente a sensação de agonia e sufocamento. e você o fez tão bem que, JURO, em certos versos eu senti cenas da minha vida.

dom é dom.

obs: obrigado pelo elogio lá embaixo! =)