sexta-feira, 2 de abril de 2010

Insuficiência Cardíaca

A boca esconde palavras que o peito teme em dizer
Minha falta de atividade cardíaca me impede de compreender
Então, ouso apenas observar
As mãos, os olhos, os beijos

Começo a respirar ofegante, como se não pudesse ver
Só de olhar, fere
Sinto doer o que resta de tudo aquilo que um dia tive

Me amarga a boca, me aperta o estômago
E nem me lembro porque

Sinto perto um outro coração bater
Tão cheio de vida, não é o meu
Ele pulsa, vibrante
Me inveja

Minha doença incurável, irremediável
Me privou de viver o que todos buscam
Me ensinou a ver beleza na tristeza

É difícil me reconhecer
Nessa insuficiência, nesse medo dele parar de novo
E eu, muito provavelmente, morrer

Alio-me a minha boca que beija e não sente
E canta e escondendo os mais puros versos
Que meu coração ainda teima em criar

Volto a assistir o mundo amante
Esperando algum dia achar a minha cura



Próximo tema: Sociedade Alternativa

2 comentários:

Gabriel Zambrone disse...

Há beleza em todos os lados. Na alegria, na tristeza, na muvuca, na solidão. A cura vem. Às vezes não. A beleza acumulada na solidão, espero transbordá-la em satélites atônitos. A beleza acumulada na alegria, espero te banhar como uma garrafa de champagne. A beleza acumulada na muvuca, espero transpirar como um copo de vidro com líquido refrescante. A beleza na sua tristeza, espero um dia, fazer cada lágrima sofrida transformada em um sorriso sincero.

Unknown disse...

Amiga, você é minha tradutora de emoções.
Lembre-se: SE DISTRAIA.
Continue assistindo o mundo amante que a cura vai chegar.E quando ela chegar, ABRA AS PORTAS.

TE AMO SEM FIM E SEM CURA