sábado, 27 de março de 2010

Sem título.

Tento num último esforço inventar alguma coisa. Inútil. Eu só sei viver. A ausência de mim mesma acabou por me fazer cair dentro da noite e pacificada, escurecida e fresca, comecei a morrer. Depois morri docemente, como se fosse um fantasma. Não tem como saber de mais nada sobre mim porque eu morri. Pode adivinhar-se apenas que no fim eu também estava sendo feliz como uma coisa ou uma criatura podem ser. Porque eu nasci para o essencial, para viver ou morrer. E o intermediário é o sofrimento.Minha existência foi tão completa e tão ligada à verdade que na hora de me entregar e findar-me, teria pensado, se tivesse o hábito de pensar:Eu nunca fui. Também não se sabe o que foi feito de mim. A uma vida tão bela deve ter se seguido uma morte tão bela também. Certamente hoje sou grãos de terra. Olho para cima, olho para o céu, durante todo o tempo. Às vezes chove, eu fico cheia e redonda nos meus grãos. Depois vou secando com o estio e qualquer vento me dispersa. Eu sou eterna agora.

Próximo tema: Paparazzi.

4 comentários:

Gabriel Zambrone disse...

Sucinto, Sincero, Eterno.

Carolina Bastos disse...

"Eu nunca fui." , muito, muito bom! não sabia que você escrevia assim anna! parabens!

João Arthur disse...

BRAVO!!!

Anna Bisaggio disse...

Brigada, gente =)