sábado, 27 de março de 2010

Metaforicamente falando

Uma manhã de sol, uma brisa agradável, um término de verão. Não podia reclamar de mais nada, tudo estava bem. Condições favoráveis para se viver alegremente em um mundo repleto de cores. Mas as cores não eram tão vivas e não eram mais minhas. Não eram mais de ninguém. Nada era mais de ninguém.

Indiscretamente, eu percebia a invasão de parasitas no meu ambiente antes tão feliz. Percebi também que um beijo, uma tosse, um "ai", eram motivos de discussão. Percebi que um passo tinha mais chance de ser em falso do que certo. Percebi, então, que nada mais era regido por mim, e sim pelo que os outros achavam do meu mundo: não conseguia sorrir sem imaginar alguém torcendo pra que eu chorasse, não conseguia andar sem imaginar alguém pedindo pra eu cair. Todos à minha volta queriam um furo, ao vivo e a cores.

Mas como?

Minhas cores já tinham desaparecido e tudo tinha virado preto e branco. Era impossivel conseguir congelar um momento em que eu estivesse fora do meu normal. Ou melhor, um momento que eu estivesse fora do meu Anormal.

Acho que eles desistiram, foram embora, e perceberam que existia uma barreira que impedia seus flashes, seus flashes que tiravam as cores da minha vida - ao invés de botá-las - , que tornavam tudo preto e branco...

Nenhum deles conseguiu mudar meu caminho pra espalhar pro mundo meus erros, eu simplesmente fui mais esperta, e saí do centro das atenções. Porque nem sempre estar ali no meio é o que você quer. Eu precisava acreditar que minha vida era muito mais do que um cotidiano vendido por maldade. Eu precisava acreditar que ainda existiam pessoas que torciam pro meu bem.

Eles eram paparazzis da vida, que tentaram medir a importância das minhas atitudes e mostrar pro mundo como eu era imperfeita. Mas ninguém precisava me provar isso, se eu não tivesse defeitos ou não errasse, essa sim, seria a maior das imperfeições.



Próximo tema: Ficção Científica

2 comentários:

Gabriel Zambrone disse...

"Eu precisava acreditar que minha vida era muito mais do que um cotidiano vendido por maldade."
that's what's all about.

João Arthur disse...

"Eles eram paparazzis da vida, que tentaram medir a importância das minhas atitudes e mostrar pro mundo como eu era imperfeita." Bem vindo ao século XXI!!!!