quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Comprometendo o sabor

O sabor é contraditório. Mas quem disse que eu me importo?
O amor, por exemplo, às vezes tem gosto de banana caramelada, ou limão. Depende do ponto de vista.
Livros são os mestres do sabor. Existem aqueles que trazem consigo um paladar salgado: gosto de lágrima. Ou então são tão ricos em detalhes que cada parágrafo é uma nova aventura para a língua: eles deixam o gosto da terra molhada de uma trincheira, com cheiro forte de sangue, em dia de guerra; dão um tiro de ácido garganta abaixo fazendo o leitor pular de adrenalina ou te envolvem com o amargo, porém gostoso, do açúcar mascavo.
O que dizer então do sofrimento? Esse tem gosto de remédio, dos mais fortes dos antibióticos.
Do medo? Gosto de porra nenhuma. A boca fica seca.
Do sexo? O sabor do corpo.
Da felicidade? Calda de chocolate com brownie!
Da vida? Ah... essa é impossível. É igual à saudade: não existe apenas um único sabor que a defina. Funciona de acordo com a estação, o dia, o momento, o beijo, a briga, o sorriso e o etc.


Próximo tema: Saudade

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