domingo, 18 de outubro de 2009

Quem são eles?


Aquele domingo que não é chuvoso e nem ensolarado. Aquele dia em que não é nem cheio e nem parado. Aquilo que não é nem presença nem ausência. Estou cansada, cansada de não ter motivo para estar cansada. Estou cheia da minha vaziez. Nâo posso mais continuar não sendo ninguém todos os dias, eu tenho que ser alguém. Certo?


Não é isso que todo mundo sempre disse? Que nós temos saber quem nós somos, que nós temos que fazer aquilo que gostamos, que não temos que imitar ninguém e que nós temos que buscar a felicidade?Mas quem disse isso? Quem disse que existe felicidade? O que é felicidade?Porque achamos que a felicidade está sempre fora de nós? Quem inventou que temos que querer sempre mais?


Isso é completamente idiota. A propaganda da felicidade é a pior que existe, pois não a percebemos. E é ela que mexe com tudo. Então, ao invés de aceitarmos o que temos, aceitarmos aquilo pelo qual lutamos ou nos dirigimos para, ficamos sempre olhando para a janela vendo o dia ensolarado e desejando que chovesse um pouco porque está muito quente.Não aproveitamos nenhum dia, porque queremos o dia seguinte. E eu estou cansada de todo esse papo de em busca da felicidade. A busca é eterna.


Não há busca, não há felicidade.O que existe é uma vida e devemos vivê-la. A vida lateja para que a vivemos e nós deixamos-na no "hold" para aproveitar no dia em que estiver tudo perfeito.


Cada vez mais nossa sede por realização aumenta. Aquele consumismo de alegria, aquele consumismo de agitação, de risadas. Nunca acaba. Eles estão sempre nos dizendo que ainda há mais alguma coisa pela qual lutar, pela qual sofrer por não se ter.


O casamento, os filhos, o marido perfeito, a carreira de ouro. Tudo foi dito por alguém que não sabemos quem foi e foi repetido por anos e anos e anos e séculos e milênios, e aqui estamos nós, alimentando mais ainda a indústria da felicidade.


Eu quero gritar, mas o que tem dentro de mim não merece um grito. Eu quero chorar mas não tem nada que me motive a isso. Eu quero rir, mas não vejo graça em lugar nenhum. E será que isso surgiu daonde? Eu estou agora passiva perante os outdoors de sorrisos recheados de emoções imperdíveis?


Não quero mais buscar o mais dentro do que já existe. Eu não quero mais ceder aquilo que os outros me dizem que eu deveria querer. Eu quero já aquilo que está dentro de mim, mesmo que não seja nada.


Sim, eu estou vazia. Mas a felicidade está mais ainda.

Próximo tema:

menino do balão.


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