sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Fatotídico.

Ele e ela na escola.

Ela era nova e o achava muito envelhecido.

Ele não era velho, mas a achava imatura demais.

Ela se mudou e descobriu que era vizinha dele.

Ele continuou no mesmo lugar, mas irritou-se com a nova vizinhança.

O tempo passou. Os dois cresceram, apesar de continuarem infantis.

Ela começou a mandar cartas anônimas para a casa dele.

Ele descobriu de quem eram as cartas e interessou-se.

Ela era petulante, ele era introvertido.

Ela se irritava com a espera, ele achava que sempre demoraria.

Ele concluiu que não conseguiria.

Ela concluiu que ele não gostava de mulheres.

Ele ficou ofendido.

Ela continuou apaixonada.

Ambos descobriram que o amor, de uma maneira incrivelmente rápida, poderia se transformar em ódio.

O tempo passou, como sempre.

Ele guardou todas as cartas, mesmo depois de ter ido embora.

Ela guardou os presentes, mesmo não lembrando de quem os havia recebido.

Ela se desfez de todas as lembranças e mágoas.

Ele nunca tivera verdadeiras mágoas. E guardava todas as lembranças.

Ambos perderam o contato, os amigos, a infância.

Quando adultos, encontraram-se novamente.

Ela percebeu que ele havia se tornado um homem interessante, apesar de bissexual.

Ele percebeu que ela continuava com a mesma petulância, apesar de vulgar.

Os românticos de plantão podem estar pensando que eles vieram a se casar. Não foi o que aconteceu.

Ele foi embora para outro país, a trabalho.

Ela começou um relacionamento moderno com um técnico de informática.

E acabou-se a história.

Próximo tema: "A Indústria da Moda: criadora de padrões ou destruidora de fronteiras?"

Operação Tapa Buraco (Eu Apóio)

Não. Não estou falando de buraco de asfalto - apesar de precisar. Falo de medidas emergenciais como as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), aplicada pelo governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB). Essas palavras formais e educadas são mero artifício para explicar a bela cagada que foi feita há tempos, não só na capital mundial do carnaval, mas também no país do futebol.

A cultura do jeitinho brasileiro, tanto de cima quanto de baixo, esmoeceu todas as forças para tornar o país em desenvolvimento, um país desenvolvido e sustentável. A exploração que foi feita pelas economias de fora, a vontade do país deslanchar e a incapacidade de resolver problemas básicos internos, acumulou uma rede altamente complexa de movimentos contra a resolução destes empencilhos.

A desilusão da alegria do futebol, do carnaval, das rodas de samba e dos elogios externos contribuem para mantermos a orientação humildesca (sic) do catolicismo (raiz cultural/DNA). Os nossos rabos-presos nos impedem de crescer (queremos rabos-de-saia), onde a cueca é o lugar de guardar dinheiro e a carteira é sinônimo de autoridade (ou a falta de).

Um país que elege Fernando Collor de 'Merda', 'general' José Sarney, José 'panetone' Arruda e outras raposas, não dá pra se esperar uma administração e postura de um Fredrik Reinfeldt da vida. Temos verdadeiros xeques, sultões contemporâneos e tupiniquins. A verdadeira caça aos 'marajás' é encomenda da revista Veja e do Jornal Nacional.

Não quero fazer culpismo-capitalista-midiático idiota. Poucos sabem o que realmente acontece nos bastidores das indústrias que recebem incentivos (e que incentivos!) para alavancar dinheiro, entreter o povo, enquanto tem um moleque recheado de armas e ódio pra cima de quem lhe tirou o direito de ser como eu mesmo, quem vos escreve. Tenho um tênis Olimpikus, Computador, Notebook, Celular com TV Digital e umas porcarias que pra mim é o meu dia-a-dia e pra ele é uma vida inteira, ou muitas vezes, nem isso.

A UPP é óbvio que dá certo. Tomar a comunidade de assalto com policiamento, presentes, internet gratuita, obras de infra-estrutura e saneamento, criação de cursos profissionalizantes, etc, têm um resultado inevitável: um óbvio salto de qualidade de vida. Resta saber pra onde foram os bandidos expulsos e até aonde e quando vai este projeto. Projeto uma medida à la 'bode expiatório' para a Copa do Mundo 2014 e as Olimpíadas 2016.

Entra em pauta a discriminalização das drogas leves e a estrutura de um país decente para dar assistência a quem exagera na dose. Ora, como diz meu parceiro MV Bill: "Então me diga o que causa mais estrago: 100 gramas de maconha ou um maço de cigarro?". Existe alcoólicos anônimos, Lei Seca e o álcool mata mais que a muita guerra por aí.

O Haiti é e não é aqui. O Brasil é o Haiti (pobreza/miséria), França (cultural), Portugal (religião), Estados Unidos (consumo/adoração), Afeganistão (guerra) e Moçambique (alegria/escravidão).

A ausência do Estado é como fazer de uma criança órfã toda uma sociedade. Somos órfãos do medo. Somos órfãos de uma mãe que resolva nossos problemas e que nos oriente. "Quem deveria nos dar proteção invade a favela com fuzil na mão".



PRÓXIMO TEMA: Lembranças

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O holofote quer brilhar em você.

"Os meus sonhos foram todos vendidos
Tão barato que eu nem acredito
Eu nem acredito
Que aquele garoto que ia mudar o mundo
Frequenta agora as festas do 'Grand Monde'"
(Cazuza, Ideologia)

O que são as mentes ousadas de hoje? Resquícios do que a geração jovem, um dia, já foi? Quantas vezes essas palavras foram proferidas: "Cadê a voz doz jovens dessa nossa sociedade? Por que tão quietos? Por que tão acomodados?"

Penso que acomodados é a palavra que caracteriza a grande maioria. Afinal, o mundo pode enfrentar o apocalipse: ainda restam os queridinhos dos ipods que fazem um brinde à alienação e mascareiam a verdade (santo fone de ouvido que isola o mundo lá fora!). Por que enfrentar a verdade de frente, quando temos sites de relacionamento e msn que escondem o nosso verdadeiro eu? Sair de casa? Justiça? Mundo melhor? Meio ambiente? NÃAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAO! Eu quero o meu sofá!

Eu quero a minha mãe.
Eu quero agradecer a ela por brigar comigo quando fico horas em frente ao computador. O mundo lá fora existe, não é tão pequeno quanto parece e ele está des-mo-ro-nan-do.
Já fui em passeatas reivindicar a permanência do Passe Livre (Palavras ainda ecoam daquele dia: "O dinheiro do meu pai não é capim, eu quero passe livre sim!"); já fui às ruas do Centro com o pessoal do Pedro II da tijuca, que juntava com o CEFET e, chegando lá, encontrávamos os alunos da unidade Humaitá e Centro. Nós paramos o metrô em outras passeatas. Nós fechamos ruas, trânsito e recebemos vaias. Opa! Vaias?!?! Quer dizer então que quando ficamos quietos recebemos vaias e quando soltamos o verbo recebemos... vaias também? ¬¬
Mas pelo menos eu não fiquei quieta: eu fiz barulho! Lutei contra algo que não prejudicava só a mim e que beneficiava os altos escalões da sociedade - aqueles que estão pouco se fudendo pro resto do mundo e fazem com ele o que bem entendem.

Liberte a indignação que existe dentro de você. Não se cale.
Esse post é uma homenagem ao meu colégio, que me ensinou a ver o mundo diferentemente da maioria. Obrigado Pedro II.
E é também uma homenagem aos que disseram um Não ao silêncio.

1. Manifestação na Conferência das Partes (COP15 - Copenhagen)
2. Passeata organizada quando a prova do ENEM vazou
3. Manifestação em Brasília contra o escândalo do governador Arruda
4. Passeata contra a visita do presidente do Irã ao Brasil





Próximo tema: UPP's

sábado, 16 de janeiro de 2010

Dispostos... se atraem.

Dois lados

Duas extremidades ligadas por uma ponte.

Que caiu.

Línguas presas por falta de passagem

Línguas com sede à margem

De um rio que não corre mais.

Bêbadas de sonhos antigos

Protegidos por jovens perdidos

Distribuindo poesias

Em garrafas jogadas no mar.

Línguas que ao se encontrarem

Se beijam

E desejam que o mundo seja

De novo o nosso lar.



PRÓXIMO TEMA: PROTAGONISMO JUVENIL

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Um terremoto de consumismo

Mickey Mouse? Saci-Pererê? Bruxa de Salém? Pocahontas?
Papai Noel ganha proporções de bonzinho e perverso jamais imagináveis desde sua criação, na Polônia ou algo parecido. O presente é bom, é ruim, é caro, é barato, é invejoso, é ingrato, é não dado. Ritual presenteador. Ritual gastador. Ritual comercial.




Garoto propaganda da solidariedade e do consumismo, não tem patente em lugar algum. Pois foi tolo o suficiente para deixar sua imagem ser estraçalhada por hienas abastadas que vivem na savana Hollywoodiana. É uma catarse social-midiática. Em ano de uma catástrofe colossal no Haiti, presentes de ouro matam, enquanto água semi-potável ressussita vidas. Num modo literal de se apresentar a questão.

Alemanha doar 2 milhões de EUROS para o Haiti? Só a /gostosa/ da Angelina Jolie mandou U$1 milhão. Michael Jackson se estivesse vivo, venderia alguma parte do seu mundo encantado em prol das vítimas. Lady Gaga é atentada por Paparazzis imaginários enquanto uma menina haitiana é atingida na cabeça. Por um vergalhão e concreto.

Particularmente, me deu uma vontade aterradora de ir pro lugar mais caótico do globo. Mas seriam duas mãos sem estrutura alguma para dar estrutura à milhares de outras mãos. É louvável o trabalho que a MINUSTAH fez até a catástrofe. Conheci de perto militares que largaram nossas terras vastas para dar o mínimo de pilastras e esperanças à pessoas tão calorosas que são os haitianos.



Conversei com o, até então Comandante Militar da Amazônia e primeiro comandante da MINUSTAH, general Augusto Heleno, na capital amazonense, em 2008. Ele relatava a perplexidade dos estadounidenses frente a rapidez de resultados positivos acumulados pelas tropas brasileiras. O general ainda confia um fato a nós (integrantes da PUC-Rio na Amazônia): "O comandante dos EUA perguntou para mim: Qual era o segredo do soldado brasileiro para conseguir tamanha facilidade de pacificação? Respondi que não havia técnica, nem segredo algum. Há no sangue brasileiro a naturalidade do carisma".



O feliz slogan do Exército brasileiro reflete isso muito bem: "Braço forte, mão amiga".

Papai Noel é gordo, velho, barbudo, cafona e preguiçoso. Se você acha que isso é símbolo de fraternidade e solidariedade, respeito os gostos bizarros de uma população cheia de mitos e rituais paradoxais. Se você acha que o Natal acabou de começar, a Embaixada da República do Haiti está arrecadando doações em dinheiro. Para colaborar, podem ser feitos depósitos ou transferências de qualquer banco, mesmo de fora do Brasil, para a conta corrente abaixo:

Nome: Embaixada da República do Haiti
Banco: Banco do Brasil
Agência: 1606-3
CC: 91000-7
CNPJ: 04170237/0001-71

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) também recebe doações só em dinheiro. A entidade não recebe outros tipos de doações em função da dificuldade de enviá-las ao país.

Dados para depósitos ou transferências:

Nome: Comitê Internacional da Cruz Vermelha
Banco: HSBC
Agência: 1276
CC: 14526-84
CNPJ: 04359688/0001-51

O Viva Rio, que está desde 2004 no Haiti, onde desenvolve projetos sociais ligados às áreas de segurança, desenvolvimento e meio ambiente, também abriu uma conta para quem quer fazer doações às vítimas do terremoto:

Banco: Banco do Brasil
Agência: 1769-8
CC: 5113-6

CNPJ: 00343941/0001-28

A ONG Action Aid criou um site e disponibilizou o telefone 0300-7898525 para doações em dinheiro para as vítimas do terremoto.


PRÓXIMO TEMA: Livre