Não. Não estou falando de buraco de asfalto - apesar de precisar. Falo de medidas emergenciais como as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), aplicada pelo governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB). Essas palavras formais e educadas são mero artifício para explicar a bela cagada que foi feita há tempos, não só na capital mundial do carnaval, mas também no país do futebol.
A cultura do jeitinho brasileiro, tanto de cima quanto de baixo, esmoeceu todas as forças para tornar o país em desenvolvimento, um país desenvolvido e sustentável. A exploração que foi feita pelas economias de fora, a vontade do país deslanchar e a incapacidade de resolver problemas básicos internos, acumulou uma rede altamente complexa de movimentos contra a resolução destes empencilhos.
A desilusão da alegria do futebol, do carnaval, das rodas de samba e dos elogios externos contribuem para mantermos a orientação humildesca (sic) do catolicismo (raiz cultural/DNA). Os nossos rabos-presos nos impedem de crescer (queremos rabos-de-saia), onde a cueca é o lugar de guardar dinheiro e a carteira é sinônimo de autoridade (ou a falta de).
Um país que elege Fernando Collor de 'Merda', 'general' José Sarney, José 'panetone' Arruda e outras raposas, não dá pra se esperar uma administração e postura de um Fredrik Reinfeldt da vida. Temos verdadeiros xeques, sultões contemporâneos e tupiniquins. A verdadeira caça aos 'marajás' é encomenda da revista Veja e do Jornal Nacional.
Não quero fazer culpismo-capitalista-midiático idiota. Poucos sabem o que realmente acontece nos bastidores das indústrias que recebem incentivos (e que incentivos!) para alavancar dinheiro, entreter o povo, enquanto tem um moleque recheado de armas e ódio pra cima de quem lhe tirou o direito de ser como eu mesmo, quem vos escreve. Tenho um tênis Olimpikus, Computador, Notebook, Celular com TV Digital e umas porcarias que pra mim é o meu dia-a-dia e pra ele é uma vida inteira, ou muitas vezes, nem isso.
A UPP é óbvio que dá certo. Tomar a comunidade de assalto com policiamento, presentes, internet gratuita, obras de infra-estrutura e saneamento, criação de cursos profissionalizantes, etc, têm um resultado inevitável: um óbvio salto de qualidade de vida. Resta saber pra onde foram os bandidos expulsos e até aonde e quando vai este projeto. Projeto uma medida à la 'bode expiatório' para a Copa do Mundo 2014 e as Olimpíadas 2016.
Entra em pauta a discriminalização das drogas leves e a estrutura de um país decente para dar assistência a quem exagera na dose. Ora, como diz meu parceiro MV Bill: "Então me diga o que causa mais estrago: 100 gramas de maconha ou um maço de cigarro?". Existe alcoólicos anônimos, Lei Seca e o álcool mata mais que a muita guerra por aí.
O Haiti é e não é aqui. O Brasil é o Haiti (pobreza/miséria), França (cultural), Portugal (religião), Estados Unidos (consumo/adoração), Afeganistão (guerra) e Moçambique (alegria/escravidão).
A ausência do Estado é como fazer de uma criança órfã toda uma sociedade. Somos órfãos do medo. Somos órfãos de uma mãe que resolva nossos problemas e que nos oriente. "Quem deveria nos dar proteção invade a favela com fuzil na mão".
PRÓXIMO TEMA: Lembranças
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